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CLÓVIS ROSSI
A reeleição e a história
SÃO PAULO - É alta, baixa ou media na a popularidade do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva medida pelo Datafolha, conforme os números que este jornal publica hoje?
É irrelevante.
Primeiro, Lula e Fernando Henrique Cardoso exibem números parecidos com o mesmo tempo de governo,
embora com uma ligeira vantagem
para o petista.
E daí? Quem acha que é um bom
índice poderá argumentar com o fato
de que FHC se elegeu três anos e meio
depois de alcançar esse número. E o
fez no primeiro turno.
Quem, no entanto, acha que o número é irrelevante poderá argumentar que, sete anos e meio depois dessa
medição, FHC não conseguiu ver sua
gestão ser firmemente defendida nem
mesmo pelo seu candidato presidencial, o então senador José Serra.
Votaram em candidatos da oposição, no primeiro turno, três de cada
quatro eleitores.
É lícito supor que uma avaliação
feita com apenas seis meses de governo reflita muito mais as esperanças
sobre o que fará o governo do que um
julgamento sobre o já feito.
Iludir-se com a popularidade, mesmo quando ela persiste após mais
tempo no palácio de governo, pode
ser mortal. Que o digam, entre outros, Carlos Menem e Alberto Fujimori, populares por tempo suficiente
para serem reeleitos com folga, apenas para, logo em seguida, caírem na
mais absoluta desgraça aos olhos do
público.
Se o projeto de Lula é só a reeleição,
os números hoje publicados podem
ser tidos como excelentes. Se é o lugar
nos livros de história, conviria, no
mínimo, no mínimo, pôr uma pitada
de cautela no triunfalismo de todos
os seus caudalosos discursos.
Do ministro José Dirceu, no encontro de vereadores e deputados estaduais de seu partido: "Estou com
saudades do PT".
Há uma multidão de petistas com
idêntico sentimento, ruidosa ou silenciosamente.
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