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PLÍNIO FRAGA
Esquina da Ipiranga com a Ouvidor
RIO DE JANEIRO - A rua do Ouvidor é o lugar mais seguro para saber notícias, escreveu Machado de Assis. Cruza o centro do Rio e hoje guarda discretamente o charme oitocentista.
Talvez não continue a ser a sociedade
em ponto pequeno, onde se deve ouvir sem moralizar.
Nestes dias, pela rua do Ouvidor,
vê-se com um certo enfado a eleição
municipal do Rio. O prefeito Cesar
Maia (PFL) lidera com folgada margem, conforme as pesquisas. Surgido
na política como expoente técnico da
esquerda brizolista, Maia caminha
para seu terceiro mandato na Prefeitura do Rio como emergente pirotécnico da direita pefelista.
Na era da barafunda das ideologias, Maia capta apoios amplos no
Rio em nome de suas obras. Suas
idéias estão fora do lugar ou, ao menos, do debate. Acalenta ser vice de
Geraldo Alckmin em 2006, em rearranjo tucano-liberal que tentaria devolver Lula a São Bernardo.
O prefeito lidera no Rio nem tanto
por seus méritos. O bom e o ruim são
sempre relativos, e o carioca se pergunta: comparados com o quê?
O segundo candidato mais forte,
Marcelo Crivella (PL), tem como programa não ter programa. "Você, eleitor, me dirá o que tenho de fazer", repete na TV. Política e pessoalmente,
Crivella vive das burras -caixa de
valores, aqui morais e financeiros,
para ser claro- da Igreja Universal.
Luiz Paulo Conde (PMDB) está encalhado na baixa popularidade na
capital de Garotinho e Rosinha Matheus, esconjurados por seu caipirismo político. Jandira Feghali (PC do
B) levará o voto da esquerda festiva
da zona sul, mas seu partido esteve
no poder no Estado e lá fez laboratório do aparelhismo esquerdista.
O anticarismático, como ele próprio se definiu, Jorge Bittar (PT) tem
a melhor campanha eleitoral na televisão, sob comando de Nizan Guanaes. Centra suas maiores esperanças
em projetos lançados por Marta Suplicy, como o bilhete único e o CEU
(Centro Educacional Unificado).
Mas será que tem chances de ser
eleito prefeito do Rio alguém que promete transformar a cidade numa espécie de São Paulo? Só quando cruzar a Ipiranga com a rua do Ouvidor.
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