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ELEIÇÃO EM SETE DIAS
Após a redemocratização, nunca um processo de sucessão
presidencial começou tão cedo e proporcionou tantas reviravoltas quanto
o atual. Esse longo e movimentado
processo entra, a partir de amanhã,
na sua semana decisiva com um candidato muito à frente dos demais.
Luiz Inácio Lula da Silva ampliou, oscilando positivamente dentro da
margem de erro, a sua distância sobre o segundo colocado. Com 49%
das intenções de votos válidos, o petista está a um ponto e um sufrágio
de converter-se em presidente da República no primeiro turno.
Ao longo de todo o processo, Lula
sempre se manteve líder nas pesquisas do Datafolha. A sua liderança foi
ameaçada em duas ocasiões -com
a ascensão da então governadora do
Maranhão, Roseana Sarney, nos dois
primeiros meses de 2002 e com a do
ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, em meados deste ano.
Três semanas depois do fenômeno
que ficou conhecido como a "desconstrução" da imagem do candidato da Frente Trabalhista, a trajetória
de subida de Lula, que chega aos
45% das intenções totais de voto,
ainda não encontrou teto, enquanto
a de José Serra, que manteve os 19%,
não conseguiu romper a barreira dos
20%. Anthony Garotinho, que chegou ao empate técnico com Serra na
pesquisa anterior, não logrou, uma
semana depois, mover-se dos 15%.
A hipótese que surgiu na pesquisa
anterior do Datafolha como uma
possibilidade -a vitória da candidatura petista ainda no primeiro turno- ganhou probabilidade sete dias
depois. Lula conseguiu manter-se no
alto patamar a que chegara. Além
disso, pelo fato de a distância entre
as suas intenções de voto e as de seus
adversários somadas ter diminuído
três pontos percentuais, o petista está inteiramente dentro do intervalo
estatístico que poderia lhe render os
votos necessários à conquista da Presidência no primeiro turno.
Na semana que passou se notou
uma tênue mas significativa mudança no tom de comentários de políticos, empresários e agentes de mercado influentes. Muitos já discutem como será um governo petista, deixando de problematizar o fato básico:
não está garantida, ainda que se tenha tornado mais provável, a vitória
de Lula já no domingo que vem.
É difícil que pelo menos dois de
seus adversários diretos que têm
chances reais de disputar um segundo turno caso ele ocorra, Serra e Garotinho, desistam de tentar impedir
o triunfo do PT. É de esperar que redobrem as forças para tentar barrar a
ascensão de Lula e qualificar-se para
o turno final. Restam aos presidenciáveis dois dias para apresentação
de programas no rádio e na TV, os
quais devem ter maior audiência. Na
quinta-feira está agendado um debate na TV Globo. Se faltam poucos votos para Lula vencer, falta também
pouco para que seus adversários precipitem um segundo turno.
A única certeza que pode ser enunciada hoje é a de que serão dias de duríssima disputa os poucos que nos
separam do 6 de outubro, temperados por mais uma rodada de instabilidade nos mercados financeiros.
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