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CLÓVIS ROSSI
Muitas e fortes emoções
SÃO PAULO - A idéia original pertence a Vinicius Mota, editor de Opinião
desta Folha: a esquerda jamais venceu uma eleição em 500 e poucos
anos de Brasil e, justo na iminência
de fazê-lo, corre o risco de pegar um
abacaxi também provavelmente inédito em 500 anos de História.
É esse o cenário desenhado de um
lado pela pesquisa Datafolha, cujos
números principais o leitor já viu na
capa do jornal de hoje, e, de outro, pela semana de enorme agitação nos
mercados, que levou o dólar a um novo recorde, próximo a R$ 4.
Aplicada a margem de erro, Luiz
Inácio Lula da Silva pode eleger-se já
no dia 6, dispensando o segundo turno. Como só há sete dias para evitar
esse resultado, é razoável imaginar
duas situações concomitantes:
1 - Todos os tiros remanescentes terão de ser disparados contra o líder
nas pesquisas. Suspeito que todas as
considerações de marqueteiros, de
assessores, de candidatos etc. serão
postas de lado em nome do "perdido
por perdido, truco".
2 - Como é pouco razoável supor
que Lula caia nas pesquisas a serem
eventualmente divulgadas no início
da semana, o mercado reagirá com
nervosismo ainda maior à perspectiva de vê-lo eleito já. Continuará pois
exibindo a "ganância infecciosa" nele apontada por Pedro Malan, uma
descoberta, aliás, feita com atraso de
pelo menos um século.
Será pois uma semana infernal. Pena que não seja torneio de futebol,
em que, depois da ansiedade, se chora ou se ri, mas tudo acaba. Na eleição, o diabo é que os brasileiros, pelo
menos os brasileiros plugados nela,
não conseguirão descansar depois.
Ou haverá segundo turno e, por extensão, novas rodadas de nervosismo, ou Lula estará eleito e serão três
meses de eletricidade intensa entre a
vitória e a posse.
Não sei se é bom ou ruim viver no
Brasil, mas de tédio não se morre.
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