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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Futuro à vista
O Brasil exibe um espetacular
avanço do agronegócio. São números alentadores para a balança comercial, para a economia e para o emprego.
No ano 2000, o setor representou
cerca de 35% das exportações brasileiras. Nele foram produzidos R$ 330 bilhões e garantidos 37% dos empregos
(Abag, "Agribusiness Brasileiro", São
Paulo, Associação Brasileira de Agribusiness, 2002).
O desempenho recente é ainda mais
impressionante. No primeiro semestre de 2002, o agronegócio cresceu
8,3%, contrastando com a queda de
0,1% na indústria de transformação.
Até o fim do ano, o setor proporcionará um superávit comercial de US$ 21
bilhões -quase três vezes o superávit
de toda a balança comercial, estimado
em US$ 8 bilhões. Sem isso, o Brasil
amargaria cerca de US$ 14 bilhões de
déficit.
O termo "agronegócio" foi cunhado
no final da década de 50 pelo professor
Ray Goldberg, da Universidade Harvard, para definir uma longa e entrelaçada cadeia de empresas e instituições, que vai desde os produtores de
insumos (sementes, fertilizantes e maquinário) até os processadores de alimentos, os grandes distribuidores e os
pequenos varejistas. Naquele tempo, o
PIB mundial do agronegócio era de
US$ 420 bilhões. Daqui a 25 anos, para
nossa surpresa, serão US$ 10 trilhões!
("Agriculture and Technology", in
"The Economist", 25/3/2000).
É verdade que o crescimento fantástico da agropecuária foi feito com a
substituição do trabalho humano pelo
trabalho das máquinas e com as inovações químicas e biológicas. Mas essa
visão é superficial. Como diz o professor José Eli da Veiga, da Universidade
de São Paulo, as novas tecnologias
destroem e criam oportunidades de
trabalho, dependendo do seu uso.
Por exemplo, a fruticultura irrigada
e vários outros produtos agrícolas, especialmente quando integrados com a
produção animal, têm um poder
enorme na geração de trabalho. Isso se
torna ainda mais promissor quando
praticado na base familiar. Nessas
condições, as tecnologias mais criam
do que destroem empregos.
No Brasil, há mais de 12 milhões de
pessoas que trabalham em sítios, em
chácaras e em pequenas unidades familiares e que, usando novas tecnologias, podem gerar muitos empregos
ao cuidar de pomares das mais variadas frutas (abacate, abacaxi, limão,
mamão, manga, figo, maracujá e muitas outras), assim como de produções
de borracha, chá, dendê, erva-mate,
ervilha, fava, palmito e urucum ("Empregos: do Palanque para o Brasil Rural", "O Estado de S. Paulo", 26/8/02).
São produtos a serem desbravados e
industrializados em grande escala para abastecer nosso enorme mercado
interno e o faminto mercado externo
-gerando uma enormidade de empregos indiretos.
Não me canso de admirar esse precioso presente de Deus aos brasileiros
que, com o trabalho adequado, poderão superar, com segurança e sustentabilidade, a fome, o desemprego e as
crises cambiais que fazem tantas pessoas sofrerem. Esse é o Brasil com o
qual a geração passada alimentava
poucos sonhos e que, agora, se torna
uma oportunidade para ser descoberto, desbravado e construído.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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