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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Atenção, Brasil!
Recebi uma daquelas notícias
que a gente torce para que seja
mentira, lapso de jornalista ou defeito
de pesquisa.
Segundo levantamento feito com
356 deputados federais e 50 senadores
pelo Instituto Brasileiro de Estudos
Políticos (Ibep), os parlamentares que
são favoráveis aos pontos básicos da
reforma previdenciária são apenas
25% do total.
É desanimador, pois o déficit da Previdência Social (R$ 71 bilhões em
2002) é o principal responsável pelos
juros escorchantes e pela falta de investimentos e de empregos.
Se os congressistas se puserem contra os pontos básicos -elevação da
idade de aposentadoria, fixação de um
teto para todos e introdução do chamado fator previdenciário (que estimula o adiamento da aposentadoria)-, não haverá reforma, e o Brasil
será condenado a uma estagnação
crônica.
Os dados são inequívocos. Se as pessoas vivem mais, é preciso que trabalhem por mais tempo. É inadmissível
que os funcionários públicos se aposentem aos 53 anos e as funcionárias
aos 48 quando a expectativa de vida
dos brasileiros ao nascer é de 65 anos e
das brasileiras, 73. Em 2030, serão de
73 e de 82 anos. Aposentando-se aos
53 e aos 48 anos, o número de anos a
serem bancados pela Previdência seria de 20 para homens e de 34 para
mulheres! Não há Orçamento que
aguente.
A resistência à mudança é uma
afronta à lógica, ao bom senso e à justiça social. A nossa população envelhece a passos largos: 8% dos brasileiros já têm 65 anos ou mais -e em
2030 estes serão 20%! Com os avanços
da medicina e da genética, a quantidade de idosos será ainda maior nos próximos 50 anos.
Por outro lado, a proporção de jovens para sustentar a aposentadoria
dos idosos se reduz a cada dia. As famílias querem menos filhos. A taxa de
fertilidade continuará caindo.
A reforma da Previdência terá de estar ajustada a essa realidade. Não há
saída. O Brasil precisa elevar gradualmente a idade de aposentadoria. A
maioria dos países avançados já fez isso. É uma das medidas mais óbvias.
Além disso, há que se elevar o tempo
mínimo no serviço público para aposentadoria com salários integrais, instituir-se um teto comum e criar um
sistema de previdência complementar
para quem deseja mais benefícios.
O diagnóstico é conhecido por todos, sendo incompreensível a resistência daqueles parlamentares. O que
eles querem? Arrasar o Brasil para "ficar bem na foto" e, com isso, ganhar as
eleições para prefeitos em 2004, as
parlamentares, as para governadores
e a eleição presidencial de 2006? Esse
filme nós já vimos, e seu final não foi
feliz.
Essa notícia é inaceitável. Repito: espero ser um mal-entendido da imprensa ou uma falha dos pesquisadores, na certeza de que, na hora "H", os
nossos congressistas agirão como irmãos responsáveis. Afinal, está na
mão deles o futuro das novas gerações, da economia nacional e do próprio Brasil.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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