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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Xadrez paulistano
SÃO PAULO - A frente em torno da ex-prefeita Luiza Erundina (PSB),
reunindo o PMDB de Michel Temer e
o PDT de Paulinho, tende a tornar o
quadro eleitoral em São Paulo ainda
mais complicado e competitivo. Há
que considerar primeiramente que
essa aliança inesperada, já batizada
de quarta via, é uma incógnita.
Pode tanto prosperar, viabilizando
uma candidatura até aqui isolada na
zona intermediária entre a tropa de
elite (Serra, Marta e Maluf) e o bloco
dos sem-chance, como também pode
se revelar rapidamente um balão de
ensaio destinado a virar peça de museu da pré-campanha paulistana.
O grande artífice da jogada, Orestes
Quércia, ainda o coronel do PMDB
paulista, parece apostar nas duas
possibilidades. Insatisfeito com o tratamento magro que tem recebido do
governo Lula e contrariado com a
prefeita, que lhe recusou o posto de
vice, Quércia dá com seu gesto um ultimato nos PTs federal e municipal.
Negocia o tempo da legenda na TV,
fortalecido pela necessidade de Marta de aparelhar sua candidatura
diante da ameaça de Serra.
Mas, se o acordo cada vez mais difícil com os petistas não vingar, o
PMDB terá, sim, em Erundina uma
alternativa política. Apoiar os tucanos em São Paulo equivaleria a uma
declaração de guerra ao governo federal -o que torna essa hipótese inviável. Com Erundina, Temer inventa uma saída honrosa, evitando o papelão de um fiasco épico. Mesmo com
o PMDB, Erundina dificilmente despontará como uma das favoritas,
mas deverá produzir impacto nas demais candidaturas, sobretudo na de
Marta, que aposta na periferia para
reduzir sua brutal taxa de rejeição,
hoje em 43%, segundo o Datafolha.
A quatro meses da eleição, o cenário é melhor para Serra. Mas a gestão
Marta está longe de uma situação de
desmanche, como aconteceu com Pitta. E o PT irá jogar todas as fichas para não sair derrotado em São Paulo.
Se Duda Mendonça estivesse com os
tucanos, recomendaria ao candidato
a estratégia "paz e amor". Mas Serra
teria de nascer de novo para vestir esse figurino.
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