|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COM ALÍVIO, SEM ILUSÕES
Segundo dados divulgados pelo
IBGE, no primeiro trimestre do
ano a economia completou nove meses de expansão, tendo alcançado o
maior ritmo de crescimento desde o
final de 1999. Os sinais de melhoria
da atividade econômica, no entanto,
não devem turvar a percepção dos
grandes desafios que se apresentam
para o país sustentar um processo de
crescimento mais vigoroso e combater o desemprego e a queda de poder
de compra dos trabalhadores.
A lista é extensa e gira em torno de
fatores que inibem o crédito, o investimento, o consumo, a continuidade
da alta das exportações e uma aceleração sustentada das contratações,
em particular no setor formal.
O custo do crédito no Brasil continua muito alto, e sua redução requer
não apenas cortar a taxa de juros básica mas criar mecanismos para reduzir o altíssimo "spread" bancário,
ou seja, o enorme diferencial entre o
custo da captação de recursos pelos
bancos e a taxa paga por empresas e
consumidores que tomam crédito.
A carga tributária, que já atingiu nível bastante alto para uma economia
de renda média como a brasileira -e
segue com tendência de aumento-,
continua a sufocar consumidores e
empresários. Iniciativas de reformas
voltadas a corrigir essa distorção permanecem no limbo.
Os encargos trabalhistas oneram
excessivamente as contratações no
setor formal, estimulando a informalidade e a sonegação, que tanto
prejudicam a arrecadação da Previdência Social. A reforma trabalhista
que se faz necessária não avançou.
Os gargalos de infra-estrutura
-em especial a má conservação da
malha rodoviária, as graves deficiências do sistema portuário e, mais que
tudo, a indefinição dos investimentos voltados a garantir suprimento
suficiente de energia elétrica- ainda
carecem de respostas eficazes.
Por fim, o próprio modelo de crescimento que se pretende viabilizar
não está suficientemente definido.
Faltam respostas sobre como se pretende conciliar a sustentação de um
superávit comercial muito alto com a
recuperação, imperiosa, do rendimento dos trabalhadores.
Essa é, evidentemente, uma listagem parcial. O ponto a enfatizar é
que o alívio propiciado pela recuperação da atividade econômica não
deveria suscitar ilusões quanto ao
ponto em que nos encontramos. A
retomada do crescimento econômico é ainda incipiente, como o são as
iniciativas voltadas a consolidá-lo.
Texto Anterior: Editoriais: ACESSO À UNIVERSIDADE Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Xadrez paulistano Índice
|