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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Orçamento da EPA: US$ 150 bilhões!
Quando critiquei o método do
centralismo para tratar de problemas ambientais do planeta, no artigo anterior, deixei claro que tais problemas tampouco podem ser solucionados pela mão invisível do mercado
concorrencial. As liberdades individuais têm o pendor de instigar inovações e de elevar a criatividade, mas
não conseguem fazer milagres. As discussões realizadas sem dados confiáveis podem conduzir a decisões públicas de irreparáveis gravidades.
Nos Estados Unidos, a EPA é a
Agência de Proteção Ambiental. Os legisladores americanos, porém, passaram por cima de várias complexidades técnicas (por estarem mais preocupados em agradar os seus eleitores),
atribuindo àquela agência um orçamento de US$ 150 bilhões por ano
-cujo retorno tem sido muito questionado. Jonathan H. Adler mostra
que a EPA priorizou os riscos ambientais de modo irracional e inconsistente
("Ecology, Liberty and Property",
New York, Competitive Enterprise
Institute, 2000).
Com US$ 150 bilhões de orçamento,
a EPA transformou-se em um apetitoso alvo de lobbistas, a maioria dos
quais inescrupulosos e interessados
muito mais em promover os seus interesses pessoais do que os da sociedade
-em especial os que vão se materializar daqui a 30 ou 40 anos.
O dinheiro, como diz Adler, atrai os
que procuram minimizar os seus custos ou punir os seus concorrentes
-ou ambos. Foi isso que transformou a citada agência numa arena de
disputas entre objetivos conflitantes.
Ou seja, no trato da questão ambiental não há lugar para o mito da participação social de quem nada entende do
problema. É preciso estabelecer as
prioridades técnicas com base em resultados bem fundados e estar pronto
para adaptá-las e para corrigi-las ao
longo do tempo.
A chuva ácida, por exemplo, foi considerada pelos pseudocientistas das
organizações ambientais como a causa da destruição das florestas nos Estados Unidos e no Canadá. O Congresso
americano aprovou uma enorme verba para pesquisadores independentes
testarem essa teoria. Eles concluíram
não haver relação causal entre uma
coisa e outra. Mesmo assim, o Congresso, o presidente e a EPA aprovaram um programa de combate à chuva ácida que custará, no mínimo, US$
3 bilhões e destruirá 200 mil empregos
diretos.
O embate ambiental extravasa as
fronteiras dos lobbies dos países ricos.
Estados Unidos, Rússia, Japão, Alemanha e China são responsáveis por
mais de 65% da poluição mundial.
Mas, usando argumentos infundados,
financiam os que espalham a idéia de
que os países do Terceiro Mundo não
podem produzir móveis, tecidos, sapatos, ferro, aço e outros produtos
porque poluem muito -quando se
sabe que o Brasil, por exemplo, responde por apenas 0,41% da sujeira
mundial (Ministério de Ciência e Tecnologia).
Uma coisa é certa: o debate ambiental está enriquecendo os que já têm
muito e empobrecendo os que, tendo
pouco, terão menos ainda se a razão
não voltar. Precisamos ficar mais
atentos à esperteza nesse campo.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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