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CARLOS HEITOR CONY
Vencer e convencer
RIO DE JANEIRO - Qualquer que seja o resultado de Brasil x Alemanha,
acredito que seja tempo de assumirmos uma realidade. Com todos os
nossos defeitos políticos, sociais, econômicos e até esportivos, temos uma
vocação que não podemos desprezar.
É certo que qualquer país ou qualquer indivíduo sente o apelo do
triunfo, a necessidade da vitória, o estado de graça da conquista.
Não temos dado certo até agora, a
não ser em momentos fragmentados,
em espasmos que não chegam a delinear uma trajetória, um destino nacional. Contudo, justamente num esporte que é coletivo e transcende à
personalidade isolada do gênio, já
firmamos uma regularidade que pode ser definida como um caráter.
Chegamos mais uma vez à final de
uma Copa do Mundo. Perdendo ou
ganhando, damos um recado aos outros e a nós próprios. Mesmo sem
apresentarmos o melhor, podemos
ser considerados os melhores pela insistência com que chegamos às finais.
Um título a mais ou a menos não altera essa vocação ao triunfo que sentimos em nossa pele e que os nossos
craques, uns mais outros menos, souberam expressar ao longo de tantas
Copas.
É uma coordenada de que não devemos desdenhar. Por mais banal
que seja um esporte que se joga com
os pés, por mais tumultuada que seja
a nossa prática esportiva, recheada
de escândalos e desapontamentos, o
fato é que, em igualdade de condições
num determinado contexto (o futebol em si), somos capazes de marcar
uma liderança insofismável, ainda
que não ganhemos a Copa, como em
1950, em 1998 e em outras datas. O
Brasil está presente no imaginário internacional como uma potência num
esporte que requer talento, disciplina,
criatividade e, acima de tudo, espírito de equipe.
São qualidades que não podemos
jogar no lixo nem isolar num departamento menor da condição humana. Vencer é ótimo. Mas ser sempre
capaz de vencer é mais significativo.
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