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SERGIO COSTA
Providência diabólica
RIO DE JANEIRO - No lançamento da candidatura de Marcelo Crivella à prefeitura, o presidente em
exercício, José Alencar, admitiu ao
repórter Raphael Gomide que interveio politicamente para viabilizar obra do senador na Providência.
Embargado pela Justiça Eleitoral, o
projeto começou sem autorização
do Congresso e contra parecer do
Comando Militar do Leste, que não
queria patrulhar favela.
Esse rolo data do fim do ano passado. A obra se arrasta desde então.
Apenas 30 casas foram reformadas
no período -cinco por mês-, para
um total previsto de 782 residências. A licitação para conclusão da
maior parte do projeto só foi realizada nestas últimas duas semanas
em que o morro da Providência andou freqüentando manchetes nobres. O Exército estava na favela havia uns seis meses.
Isso quer dizer que o auge do projeto Cimento Social dar-se-ia em
plena reta final da disputa pela prefeitura. Uma vitrine eleitoreira que
incluiria a imagem de moradias populares dignas, protegidas pelo braço forte e a mão amiga do Exército.
José Alencar disse no sábado que a
candidatura do "ex-bispo" não será
afetada pelos incidentes na Providência porque ficou "demonstrado
esforço de Crivella para levar benefício à população".
O fato é que se jovens militares
não tivessem se estranhado com
funkeiros jovens como eles, e a coisa não degringolasse em assassinato, chamando a atenção para todo
tipo de irregularidade -inclusive as
eleitorais que suspenderam a temporada-, o teatrinho seria mantido
até o grande final em outubro. A
tragédia da Providência desnudou
seus atores: do presidente ao preto
pobre e favelado, todo mundo fez
lambança em algum ato. Com graves conseqüências. Bem Brasil.
sergioqc@uol.com.br
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