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MELCHIADES FILHO
Curva de indiferença
BRASÍLIA - É cedo para desacreditar o candidato "flex" forjado em
Belo Horizonte, anunciar a redenção do carlismo em Salvador ou decretar em Recife a derrota da chapa
que conta com o apoio do presidente, do governador e do prefeito.
As mesmas pesquisas que suscitam o "já ganhou/perdeu" mostram
que nas capitais o eleitor ainda não
se interessou pela eleição.
Quando o Datafolha aplicou a
questão "Em quem você vai votar
para prefeito" sem apresentar os
nomes dos postulantes, ouviu "não
sei" de 79% dos entrevistados em
Belo Horizonte, 56% em Salvador e
58% em Recife. A maioria também
não definiu o candidato em Porto
Alegre (61%) e Rio (66%). Só em
Curitiba (46% de indecisos) e São
Paulo (43%) as campanhas mobilizam espontaneamente metade do
eleitorado. (Nesse aspecto, dá para
entender a "afoiteza" de Kassab,
hoje distante de Marta x Alckmin.)
São as perguntas estimuladas que
colocam Jô Moraes (PC do B), ACM
Neto (DEM) e Mendonça Filho
(DEM) na dianteira nas capitais de
Minas, Bahia e Pernambuco. O que
não surpreende. Os três largam
com "recall" de eleições passadas.
Mas o céu é o limite em BH para
Márcio Lacerda (PSB), com o respaldo do governador Aécio Neves
(PSDB) e do prefeito Fernando Pimentel (PT) -e mais TV, dinheiro,
militância atrelada à máquina etc.
Em Salvador, a corrida ainda traz
quatro nomes competitivos. Em
Recife, como ignorar o chapa-branca João da Costa (PT) se ele já lidera
na resposta espontânea?
Erra, por outro lado, quem superestima a "alienação" ou tenta vendê-la como novidade -e sai dizendo que o brasileiro se fartou de votações, se desencantou de vez etc.
Nas capitais monitoradas pelo
Datafolha, a média aritmética do
"não tem candidato" nessa época
do ano foi de 62% em 2004 e de 58%
em 2000. Agora? 58% também.
A campanha nem esquentou.
Quem está aflito por notícias, precisa esperar um pouquinho mais.
mfilho@folhasp.com.br
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