Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Análise
Forma de organização das Assembleias de Deus favorece surgimento de rachas
RICARDO BITUN ESPECIAL PARA A FOLHAFruto de movimentos de renovação religiosa nos EUA, as Assembleias de Deus têm características marcantes dentro do movimento pentecostal -entre elas, intenso fervor religioso.
A primeira convenção-geral ocorreu em Natal, em 1930, com 11 missionários suecos e 23 líderes brasileiros. Os suecos ocuparam a presidência da Convenção-Geral das Assembleias de Deus até 1951. Logo após chegaram os missionários americanos, que passaram a enfatizar a educação teológica.
Quanto ao sistema de governo, caracteriza a Assembleia de Deus um complexo sistema de redes. Igrejas-sedes, igrejas e congregações dependentes das igrejas-mães. O pastor-presidente da igreja-sede funciona como um bispo do respectivo campo (zona de atuação).
Última instância de poder de decisão, a Convenção-Geral das Assembleias de Deus é formada por convenções estaduais e ministérios filiados. O fiel, para chegar até o pastorado, passa por outros cargos -auxiliar, diácono, presbítero e evangelista.
Esse "velho" sistema de escalada rumo ao poder mostra-se lento demais para a rapidez do mundo moderno.
Não são poucas as tensões provocadas por esse sistema. Recentemente o pastor Silas Malafaia desfiliou-se da Convenção-Geral e constituiu sua própria Convenção, a Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Por não ter papas, o pentecostalismo favorece as lideranças carismáticas, e os "rachas" são inevitáveis.