São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2011 |
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A vida longe do Poder Fora do palco político por decisão do eleitor, derrotados encaram nova realidade
VERA MAGALHÃES DE SÃO PAULO Derrotados depois de passar os últimos anos nos holofotes, nomes como Arthur Virgílio (PSDB-AM), Fernando Gabeira (PV-RJ) e Heráclito Fortes (DEM-PI) tentam descobrir que há vida fora da política. Passado o choque inicial, nenhum deles descarta voltar à vida pública. A lista das estrelas que amargaram revés eleitoral é composta, na maioria, por opositores de Lula. Assim, o discurso comum é culpar o ex-presidente pela derrota. A tribuna deu lugar ao Twitter, onde os derrotados opinam sobre o governo Dilma Rousseff e tentam não perder contato com eleitores. Arthur Virgílio atua como assistente do Ministério Público Eleitoral em representações contra Eduardo Braga (PMDB) e Vanessa Grazziotin (PC do B), eleitos para o Senado no Amazonas. Ele aponta fraude eleitoral e diz que houve ordem de Lula para derrotá-lo, graças a sua atuação pela derrubada da CPMF, em 2007. "A história vai dar ao Fernando Henrique papel maior que o do Lula. Ele não escapa desse julgamento", diz. Longe da tribuna do Senado, de onde ameaçou, em 2005, dar uma "surra" no ex-presidente, Virgílio se prepara para retomar a carreira diplomática, da qual estava licenciado havia 16 anos. Está finalizando uma tese sobre o papel do Parlamento na formulação da política externa, de Rio Branco a Lula. Mas não esconde que se prepara mesmo é para voltar à política, seja com uma vitória na Justiça Eleitoral, seja disputando a eleição para prefeito de Manaus, no ano que vem. "Não tenho como ficar fora da política", diz. Algo comum a quem está longe de Brasília é dizer que encontrou tempo para retomar velhos hábitos, como leitura, exercícios físicos e contato com a família. "Fazia vários anos que eu não passava um mês inteiro em Curitiba", se espanta o ex-deputado Gustavo Fruet (PSDB), ex-estrela da CPI dos Correios, que perdeu a eleição para o Senado. Embora não quisesse mais um mandato na Câmara, Fruet não esconde o estranhamento com a nova rotina, que inclui palestras pagas e a briga pelo comando do PSDB local. "Estou há 48 dias sem terno e gravata." O ex-campeão de votos do Paraná é um dos poucos tucanos que não culpam Lula por seu fracasso e aponta a divisão em seu próprio partido como fator principal. "Sou um estranho no ninho do PSDB", lamenta. Inadequação também é a sensação do ex-senador Heráclito Fortes (DEM-PI), um dos próceres anti-Lula. "Eu me sinto como o Mubarak, após 28 anos de mandato." "Ociosidade é algo que nunca tinha experimentado. O começo é meio chocante." Enquanto estuda convites para atuar em conselhos de empresas, o ex-primeiro-secretário do Senado antecipa que pretende ficar 90 dias "de perna pro ar". Na contramão da onda de baixo-astral pela vida longe do poder, o ex-deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) comemora a volta à reportagem. Já cobriu a tragédia da chuva no Rio e fez uma reportagem in loco na Venezuela. Quer montar uma agência de produção de conteúdo sobre o Rio, de olho na Copa e na Olimpíada. "Reorganizar a vida aos 70 é complexo. Por isso, agora não penso em voltar à política, embora não possa descartar." Texto Anterior: Estados aceleram gastos e não planejam cortes Próximo Texto: Janio Freitas: Aos olhos do mundo Índice | Comunicar Erros |
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