Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Metade dos poços não têm hidrômetros
Com a situação, volume de água captada pela Prefeitura de Ribeirão Preto pode ser maior que o total permitido
Autarquia municipal confirma a falta dos aparelhos, mas disse que há edital para a compra de hidrômetros
Metade dos poços artesianos do Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto), autarquia da Prefeitura de Ribeirão, estão captando água de forma ilegal.
Segundo o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), dos 106 poços existentes na cidade, 52 estão retirando água do aquífero Guarani sem medidores --o aparelho é obrigatório e, sem ele, não é possível saber o total de água captada.
Por causa disso, o Daee estuda interromper a captação nestes locais, o que agravaria a já existente crise no abastecimento da cidade.
"Só não fechamos ainda [os poços] porque a população será prejudicada", disse Carlos Eduardo Alencastre, diretor regional do Daee.
Segundo ele, o Daerp tem autorização para captar 400 milhões de litros de água por dia. No entanto, o volume retirado pode ser maior.
Em nota, o Daerp confirmou a falta de hidrômetros e afirmou que tramita um edital para a compra dos aparelhos.
"Estamos cobrando a prefeitura e informamos a situação à Promotoria. O problema é grave", afirmou.
Moradores de diversos bairros, como Ipiranga e Heitor Rigon, sofrem com a constante falta de água.
Em entrevista a um programa de TV local na noite de quinta-feira (11), a prefeita Dárcy Vera (PSD) disse que poços clandestinos são a causa da falta d'água. Segundo ela, há cerca de 500 destes poços em diferentes bairros.
A prefeita afirmou ainda que falta fiscalização do Daee para combater a situação.
Alencastre negou. "Toda denúncia que chega, nós conferimos", disse.
Ele afirmou que 89% do que é captado no aquífero em Ribeirão vem de poços do Daerp, que registra 40% de perda na rede, de acordo com a própria prefeitura.
"Se a prefeitura tiver uma boa gestão destes 89%, vai melhorar muito o rebaixamento do aquífero", disse.
O químico Paulo Finotti, vice-presidente do comitê da bacia hidrográfica do rio Pardo, também negou que o problema sejam estes poços que não têm autorização.
De acordo com ele, poços clandestinos identificados e já fechados retiravam diariamente um volume de água menor em relação aos poços pertencentes ao Daerp.
Finotti disse ainda que a autarquia não cumpre medidas técnicas e de qualidade para gerir a água.
"O problema de Ribeirão é a falta de gestão dos recursos hídricos", disse.
A opinião é compartilhada pelo promotor Carlos Cezar Barbosa, que entrou com uma ação contra o Daerp por causa do desabastecimento.
Segundo ele, o aquífero não sofre influência de problemas climáticos, como a estiagem prolongada.
A Promotoria pede multa diária de R$ 10 mil por problema registrado. A Justiça ainda não definiu.