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Prefeitura de Ribeirão nega 8 em cada 10 pedidos de vaga em creche
Dos 1.409 pedidos feitos pelos três conselhos tutelares, 1.101 foram negados, segundo o órgão
Prefeitura afirma, no entanto, que 70% dos casos encaminhados pelo conselho em 2012 foram atendidos
Márcia Ribeiro/Folhapress |
Silmara Vieira também não consegue deixar o filho na creche |
A Secretaria da Educação de Ribeirão Preto negou 78% dos 1.409 pedidos de vagas em creches, pré-escolas e Emeis (Escolas Municipais de Educação Infantil) encaminhados pelos três conselhos tutelares no ano passado.
Das 1.101 solicitações negadas ao longo de 2012, 90% eram para creches -um dos principais problemas da educação no município.
Os números referem-se a estimativas feitas pelos três conselhos, que informaram ter levado os casos à Promotoria. O Ministério Público Estadual confirmou que existem ações civis dos conselhos tutelares solicitando vagas.
De setembro de 2011 a agosto de 2012, 21 ações civis públicas tramitavam no órgão exigindo 282 vagas para creches e pré-escolas.
A prefeitura confirmou ontem que não atendeu todos os pedidos dos conselhos, mas que 70% dos casos encaminhados à Secretaria da Educação foram atendidos.
No ano passado, durante a campanha eleitoral, a prefeita Dárcy Vera (PSD) chegou a falar em um deficit de 2.000 vagas, mas a própria pasta da Educação disse que não há como precisar a demanda.
Com base no Censo 2010, o Ministério da Educação calcula em 3.625 vagas o deficit.
Na periferia de Ribeirão, é fácil encontrar mães que aguardam vagas para os filhos. A desempregada Valquiria Cristina Pardinho Rodrigues, 22, aguarda vaga para a filha de dois anos em uma das creches que procurou em novembro.
Ela disse que perdeu duas oportunidades de emprego por não ter com quem deixar a filha, e que a criança não evolui por não frequentar uma escola.
A operadora de caixa Silmara Conceição Vieira, 20, que mora no Jardim Progresso, um dos bairros com maior deficit, segundo o conselho, tenta vaga para o filho de um ano na mesma creche em que a filha mais velha está desde maio de 2012. "Pensei que seria fácil, mas até agora nada." Familiares cuidam da criança enquanto ela trabalha.
Segundo a psicóloga Ana Paula Soares da Silva, docente da USP (Universidade de São Paulo) Ribeirão, mães e filhos sofrem com a situação. "A mãe perde emprego e as crianças não socializam."