Ribeirão Preto, Quarta-feira, 15 de Abril de 2009

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Empregos na indústria caem no trimestre

Sertãozinho, São Carlos e Matão têm queda histórica no acumulado dos três meses em relação ao mesmo período de 2008

Contratações de março, no entanto, superam as de janeiro e fevereiro; causa do aumento, afirma a Ciesp, é o início da safra de cana
Edson Silva/Folha Imagem
Demitido da indústria RR Fabricações, o metalúrgico Carlos Eduardo Rodrigues assina rescisão de contrato no sindicato em Sertãozinho


LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

As indústrias de Sertãozinho, São Carlos e Matão tiveram queda histórica na geração de empregos no primeiro trimestre de 2009 em comparação com o mesmo período dos últimos cinco anos. É o que revela levantamento do Ciesp/Fiesp (Centro e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) divulgado ontem.
Três das cinco agências regionais fecharam o primeiro trimestre com índice negativo. A regional de São Carlos teve saldo negativo de 3,9%, contra um desempenho positivo de 8,8% no primeiro trimestre de 2008. Sertãozinho viu seu saldo cair de 21,19% para 3,9% e Matão, de -9,14% para -11% (veja quadro nesta página).
Apesar da queda geral no trimestre, as contratações no mês de março representaram um avanço em relação a janeiro e fevereiro. O saldo em março nas cinco regionais foi de 6.700 vagas. Dessas, 5.100 foram geradas em Araraquara. Segundo especialistas, o início da safra da cana em algumas usinas favoreceu as contratações.
"O setor alimentício foi o que alavancou as contratações em Araraquara, basicamente por conta da antecipação da safra da cana-de-açúcar de abril para março", disse André Rebelo, gerente do Departamento de Economia do Ciesp.
Segundo Ubiraci Moreno Pires, diretor do Ciesp em São Carlos, março foi um mês atípico em 2009. "Há uma sazonalidade por conta das contratações para a safra. As demissões acontecem entre novembro e fevereiro, que foi justamente o período em que houve muitos cortes e a crise mundial ainda agravou a situação", disse.
Apenas as indústrias das regionais de Araraquara e Sertãozinho tiveram variação positiva no primeiro trimestre -a primeira lidera o ranking estadual em 2009, com variação positiva de 16,3%.
"Sinto que agora vamos começar a sentir os piores efeitos da crise. Até aqui, a indústria dispensou e as usinas contrataram. Isso equilibrou um pouco. Em abril, o impacto será bastante negativo, já que as usinas não vão mais contratar", disse Mário Garrefa, presidente do Ceise-BR (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e Energético).
José Carlos Brigagão do Couto, presidente do Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca), concorda. Ele ainda prevê mais dificuldades durante os próximos meses para o setor calçadista.
"Estamos aguardando os números oficiais do Ministério do Trabalho, pois a expectativa é que março ainda tenha sido bem ruim. O cenário está melhorando bem lentamente, mas a demanda ainda está muito fraca", disse Couto.
Na região de Matão, que aparece como a pior regional da indústria do Estado neste primeiro trimestre, com índice de -11%, a explicação da queda vem da laranja.
"Agora que entramos na entressafra, as usinas dispensam os safristas e as indústrias já vinham trabalhando com baixa capacidade. Nossa expectativa é que o nível de emprego só volte a se estabilizar entre os meses de junho e julho, quando recomeçam as recontratações", disse Flávio Viegas, presidente da Associtrus (Associação Brasileira de Citricultores).
Em todo o Estado, o saldo do trimestre também foi negativo: -2,73%, o que equivale ao fechamento de 66.500 vagas. No entanto, assim como na região, em março o desempenho foi positivo (0,31%).


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