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MARCHA, SOLDADO
Fortes do país batalham por turistas
O forte de Copacabana, que abriga o Museu Histórico do Exército, é uma das principais atrações do Rio
Felipe Redondo/Folha Imagem
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Canhão protegido por cúpula blindada em torreta retrátil no forte de Copacabana
RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
O estado atual de fortes e fortalezas espalhados pelo Brasil é
um excelente resumo não só da
situação da indústria do turismo, mas do próprio país -um
misto de primeiro com terceiro
mundo.
Existem algumas fortificações que são bem cuidadas e
importantes atrações turísticas, verdadeiros cartões-postais das cidades cuja função no
passado era defender -como o
forte de Santo Antônio da Barra, em Salvador, com o seu famoso farol preto-e-branco.
Mas, examinando a lista das
cerca de 100 fortificações que
restaram -das quais nem a metade está tombada como patrimônio histórico-, encontra-se
uma ocupada por favela, outra
por uma aldeia indígena, uma
terceira repleta de morcegos e
mesmo uma debaixo d'água,
que ressurge em época de seca.
O diagnóstico foi revelado no
encontro "Conservação e Uso
das Fortificações Brasileiras",
realizado pelo Iphan (Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) no começo de
junho, no Rio de Janeiro.
O local do encontro foi significativo. Afinal, o forte de Copacabana, que hoje abriga o Museu Histórico do Exército, é
uma das atrações turísticas
mais visitadas do Rio, principalmente por grupos escolares.
Campeão de visitas entre os
fortes brasileiros, ele foi construído para a defesa costeira
entre 1908 e 1914, e equipado
com poderosos canhões para a
época.
Há uma torre com dois canhões de calibre 305 mm e outra com dois de 190 mm, protegidos por cúpulas blindadas.
Para a defesa contra ataques
por terra havia dois canhões de
calibre 75 mm em torretas que
retraíam no interior do forte.
Uma dessas torres foi restaurada recentemente e costuma ser
usada agora para tiros de salva.
"Há uma vocação evidente
para o turismo dos fortes", disse Cyro Corrêa Lyra, assessor
técnico do Iphan. Segundo ele,
graças à "localização privilegiada, singularidade formal, plástica e potencial interpretativo"
dessas construções.
Acreditava-se que o Brasil tinha cerca de 300 fortificações.
Neste ano, em pesquisa inédita,
que resultará em livro com previsão de lançamento em setembro, o historiador brasileiro
Adler Homero Fonseca de Castro fala em mais de 800 dessas
estruturas que ajudam a contar
a história do país.
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