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foco
"Jóia" da defesa na América
Latina, forte de Copacabana
protegeu o Brasil por 60 anos
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Inaugurado em 28 de setembro de 1914 pelo presidente da República Marechal Hermes da Fonseca
(1855-1923), o forte de Copacabana protegeu a entrada
da baía da Guanabara por
cerca de 60 anos, até tornar-se obsoleto, como a maioria
das defesas de costa. Foi desativado em 1975.
O forte foi a mais poderosa
obra de defesa da América
Latina, "a jóia maior de nossas fortificações", segundo o
historiador do Iphan, Adler
Homero Fonseca de Castro.
O projeto vinha do final do
século 19, idealizado pelo
programa de defesa de 1895 a
1898. O desenho foi feito pelo então capitão Tasso Fragoso (1869-1945), que viria a
ser o mais importante historiador militar do Exército.
A falta de verba atrasou a
construção, mas, como a primeira década do século 20
viu grandes progressos no
desenvolvimento da artilharia, o projeto original foi
aperfeiçoado e os canhões da
torre principal passaram a
ser de calibre 305 mm, com
maior alcance e maior cadência de tiro.
Segundo Adler, o forte foi
feito de concreto, com paredes de espessura de 12 metros na face para o mar e de
quatro metros no topo -características que o tornaram
quase inexpugnável aos canhões navais da época.
Ironicamente, a crise política mais famosa envolvendo
o forte foi detonada pelo
mesmo militar que o inaugurou. Em 2 de julho de 1922, o
então ex-presidente Hermes
da Fonseca foi preso por ter
feito declarações contra uma
decisão do governo de intervir em Pernambuco.
A prisão foi considerada
um insulto por muitos oficiais e causou o chamado levante do Forte de Copacabana. O comandante do forte
era o capitão Euclides Hermes da Fonseca, que era filho do ex-presidente e tinha
sido destituído da função.
O forte chegou a levar um
tiro de um couraçado da Marinha, que causou só um leve
amassado em uma torre de
canhão. Um pedaço do projétil continua preservado ali.
Mas a revolta não se generalizou e a guarnição abandonou o forte. Uma marcha
de 17 militares -ao qual se
agregou um civil no caminho- pela avenida Atlântica
foi recebida com fuzilaria.
Os "18 do forte" foram
mortos, feridos ou capturados. Um dos feridos foi o então tenente Eduardo Gomes
(1896-1981), depois marechal-do-ar e patrono da Força Aérea Brasileira. Em 1986,
o forte passou à sede do Museu Histórico do Exército.
(RICARDO BONALUME NETO)
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