|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
UM LUGAR AO SUL
Coca-Cola faz propaganda com leve sabor de história
Apesar dos momentos de promoção, tour percorre os primórdios da publicidade com visita à arte pop
DA ENVIADA ESPECIAL A ATLANTA
O museu The World of Coca-Cola reproduz, em forma de
passeio, o famigerado slogan
atribuído a Fernando Pessoa:
"Primeiro estranha-se, depois
entranha-se."
Ao entrar no museu, a primeira vontade é a de sair. Em
uma ante-sala, um grupo
aguarda. Uma sessão do filme
de apresentação, somente depois do qual é possível explorar
o museu, está para começar. A
monitora anima a platéia:
quem quer tomar toda a Coca-Cola que puder? A resposta é
aos berros: "Eu!" Quem aqui
gosta de Coca-Cola? E o coro
urra: "Eu!" Todos levantam a
mão e tiram fotos. Estranha-se.
Depois da interação, é possível ver algumas relíquias. São
indícios do que está por vir: a
memorabilia da marca -que
inclui até um quadro do norte-americano Norman Rockwell
(1894-1978)- registra origens
da propaganda e da arte pop.
Aos poucos, a vontade de fugir vai passando. O filme é exibido em uma sala-passagem: a
entrada é de um lado, e a saída,
do outro, leva ao grande hall do
museu. Entranha-se. E, a partir
daí, alívio, a visita é livre.
As salas contam a história e a
fabricação da bebida. E em cada
uma delas, a tecnologia das exposições impressiona mais.
Na que explica a fabricação
do refrigerante, há um corredor
envidraçado, atrás do qual máquinas trabalham, produzem
Coca-Cola. Projeções de vídeo
sobre o vidro são acionadas pela presença do visitante.
Em outra sala, um telão exibe
filmes de propaganda de marcas do grupo Coca-Cola. Há filmes antigos e novos, japoneses,
indianos, brasileiros. Dá para
ficar ali horas -vendo o filme
da aurora boreal com ursos polares, ou aquele da Copa do
Mundo em os rivais se abraçam
quando rola um gol. Ao sair da
sala, todos cantarolam: "Tchurururu, always Coca-Cola..."
Mais uns passos e chega-se à
sala sobre a história da marca
do refrigerante. Obras de Andy
Warhol deixam clara a importância da bebida no imaginário
da arte pop, o Papai Noel vermelho explicita a presença da
marca no imaginário infantil,
propagandas antigas sugerem a
integração da marca ao imaginário de família sentada ao redor da mesa. A força da propaganda vai ficando clara.
Em outra sala de cinema, um
filme 3-D mostra a saga de um
cientista que busca o segredo
da fórmula do refrigerante. A
conclusão que ele alcança é reveladora: a bebida é especial
porque é o que nos une, é a única coisa que todos nós temos
em comum. A mensagem é a de
que a marca quase cumpre os
objetivos que deveriam ser alcançados pela ONU. Em tempo, antes da visita, é recomendável tentar despir-se um pouco da irritação que o excesso de propaganda causa.
No fim, um salão com máquinas de refrigerante daquelas de
lanchonete servem bebidas divididas por regiões -na da
América do Sul, prova-se o brasileiro guaraná e a peruana Inka-Cola, feita de erva cidreira.
Em um canto, uma grande máquina serve todas as versões do
refrigerante de cola: com baunilha, com cereja, light, zero...
Depois de percorrer o museu, é preciso apego à ideologia
para resistir e não sair de lá com
apetrechos para virar, você
mesmo, um totem de propaganda da marca.
THE WORLD OF COCA-COLA
rua Baker, 121. Abre diariamente,
das 9h às 17h30; a bilheteria fecha
às 16h. Ingresso: US$ 15 (R$ 24,30;
veja nota sobre passe conjugado).
Tel.: 00/ xx/1/404/676-5151;
www.woccatlanta.com
Texto Anterior: Um lugar ao sul: High Museum surpreende pelo prédio e pelas coleções Próximo Texto: Um lugar ao sul: Tubarões-baleia hipnotizam no oceanário da Geórgia Índice
|