|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CENA PARATIENSE
Paraty terá seu cinema restaurado
Usada como cenário de mais de duas dúzias de longas-metragens, cidade tem vocação cinematográfica
DA ENVIADA ESPECIAL A PARATY
Gabriela subiu no telhado. E
Paraty se viu imortalizada no
papel de Ilhéus (BA), enquanto
Sonia Braga fazia as vezes de
Gabriela, Cravo e Canela, dirigida por Bruno Barreto e cortejada por um Nacib interpretado
por Marcello Mastroianni, no
filme inspirado no romance de
Jorge Amado, lançado em 1983.
Cidade-cenário das mais
acionadas, suas ruas já apareceram em mais de duas dúzias de
longas-metragens, como "O
Beijo da Mulher Aranha"
(1985), de Hector Babenco,
mais de duas dezenas de novelas, como "Mulheres de Areia"
(1993, Globo), e um punhado de
videoclipes, além de curtas e
programas de TV, como a minissérie "O Quinto dos Infernos" (2002), também da Globo.
Sendo assim, cinematográfica, Paraty agora vê seu cinema
começar a ser ressuscitado. O
prédio que abrigava a sala de
projeções do centro histórico,
na praça da Matriz, está em vias
de começar a ser restaurado.
O projeto, encabeçado por
Suzana Villas Boas, produtora
de TV e cinema, prevê que a sala volte a receber cinéfilos já no
meio do ano que vem.
Tudo começou quando Villas
Boas viu, há mais ou menos cinco anos, placa de "vende-se" no
prédio que um dia abrigou o cinema. Ela começou a agitação.
O imóvel acabou sendo comprado por um argentino, que
negociou com a prefeitura para
devolver o prédio para a cidade.
Houve então, na última edição da Flip, um leilão de cadeiras do cinema -são cem-, para
levantar verba para a restauração e o equipamento da sala. A
partir de agosto começa a ser
elaborado o projeto, que precisa ser aprovado pelo Iphan e
pela prefeitura.
Aprovados os planos, serão,
nos cálculos da produtora, seis
meses até a inauguração. "Imaginamos que esteja pronto no
início de 2009. Devemos inaugurar durante a Flip. Se tudo
der certo, será na comemoração do tombamento de Paraty
pela Unesco", diz Villas Boas.
Vocação
Criadora do Festival Internacional de Cinema de Paraty,
que deverá ter o Cine Teatro
como sede, Villas Boas considera que a vocação cinematográfica da cidade não se restringe
ao cenário, apesar de isso ser
um ponto forte. "Ainda mais
agora que os fios estão debaixo
da terra", diz, a respeito de toda
a fiação ter sido enterrada.
"A cidade tem muitos artistas, tem uma coisa efervescente. Acho que é uma maluquice
da mistura da religião com a
música", teoriza, sobre o envolvimento local com as artes.
Ela ainda ressalta que a localização estratégica entre Rio e
São Paulo crava Paraty como
boa opção para produções, mas
que isso deve se reverter em benefícios para a cidade. "Temos
planos de criar uma comissão
para regulamentar o uso da cidade e revertê-lo em benefício
para a população. Não pode
acontecer uma invasão."
Acaso feliz
Se a cidade vive um bom momento, isso se deve, para Villas
Boas, a uma coincidência de fatores. "Claro que a Flip deu um
impulso grande, mas principalmente há pessoas influentes e
discretas que elegeram Paraty,
como o Roberto Irineu Marinho, que comprou uma casa
enorme, largou tudo, foi morar
lá e apoiou a Flip", diz.
Quando desembarca na cidade, Villas Boas cumpre um ritual de chegada que inclui passar pelo cais "para ver se os barcos estão lá" e visitar o forte Defensor Perpétuo, de onde mergulha no mar.
(HELOISA LUPINACCI)
Texto Anterior: Cena Paratiense: Culinária extrapola o peixe frito Próximo Texto: Veja pacotes de hospedagem e até de mergulho Índice
|