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Para Andraus, surfe na região está mais democrático hoje
DA REDAÇÃO
Se alguém perguntar para o
surfista Reinaldo Andraus o
que mais o marcou no ano de
1969 -quando ele tinha apenas
13 anos-, a resposta não terá
nada a ver com o período de ditadura militar no Brasil. Nem
com o festival de Woodstock.
Nem com os primeiros passos
do homem na Lua. Nem com o
milésimo gol de Pelé.
"Foi nesse ano que eu ganhei
a minha primeira prancha de
surfe", conta Andraus, que conseguiu a proeza depois de quase
três anos de campanha ferrenha junto aos pais, uma das famílias que já tinha imóveis no
Guarujá no início dos anos 60.
Finalmente, o garoto deixaria de passar verões e finais de
semana "gaivotando" na beira
do mar, pelas praias de Pitangueiras e Astúrias.
O termo era usado pela mãe
do menino, quando ela o avistava esperando, pacientemente,
por uma prancha sem rumo
dando sopa na praia.
Como naquela época as pranchas não tinham cordinha para
amarrar no pulso, vira-e-mexe
elas escapavam dos seus donos.
"Aí eu pegava pra devolver, e
aproveitava para ter a sensação
de tê-la nas mãos", conta.
Sensação de tê-la nas mãos?
Opa! Será que o tema da reportagem não ficou claro e ele resolveu contar sobre uma paixão
de verão? Não, não. Ele entendeu muito bem. E sim, quando
fala do surfe, Dragão -como
começou a ser chamado depois
de ter mandado desenhar uma
figura parecida com o bicho na
segunda prancha da sua vida-
pensa em uma paixão de verão.
Tão grande que o acompanha
até hoje. Não somente nos finais de semana em que pipoca
no Guarujá para pegar ondas
com os mesmos amigos feitos
quando era criança.
Também não só por gostar de
passar horas relembrando dos
finais de tarde em que a turma
se reunia no centrinho do Guarujá, em frente ao Cine Praiano
-hoje uma casa de boliche-
para tomar sorvete e paquerar
as fãs dos moços cabeludos.
"Minha carreira foi toda voltada ao surfe", diz. Depois de se
formar em administração, Dragão recebeu convite para trabalhar em uma revista especializada. E optou por seguir carreira nesse tipo de publicação.
Levar o surfe para a vida profissional, ele conta, foi algo bastante comum aos integrantes
das primeiras gerações de surfe
do Guarujá. "Por exemplo, o
Thyola Chiarella é fabricante
de pranchas. O irmão dele, o
Madinho, tem uma confecção.
O Sidão lançou a OP..."
Quando falou com o caderno
de Turismo, Dragão tinha acabado de voltar de outro final de
semana no Guarujá. Nesses 40
anos, o que mudou por lá? "Antes tinha só "filhinho de papai" e
todo mundo conhecia todo
mundo. Agora popularizou.
Mas é bom... Mostra que no
surfe não tem segregação."
(PPR)
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