|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DE VOLTA AO FUTURO
Infância era descalça e com famosos
Para Ricardo Roman Júnior, que nasceu no Guarujá, crescimento da cidade fez a descontração diminuir
DA REDAÇÃO
Sem tênis, sem chinelos. Andava descalço, de bermuda, o
dia todo! Essa é a lembrança
mais marcante da infância no
Guarujá para Ricardo Roman
Júnior, 40, que seguiu os passos da família e hoje é quem comanda um dos hotéis mais tradicionais do balneário, o Delphin, na praia da Enseada.
"Eu precisava de praticamente nada para me se sentir
feliz. Só aquela sensação que
andar descalço me dava já era
algo indescritível", lembra Roman, que morou até os sete
anos no Guarujá e para quem a
cidade praiana, nos anos de sua
infância, era "um lugar para se
sentir livre".
De lá para cá, seu vaivém entre São Paulo e essa cidade
praiana quase não mudou. Se
antes ele passava quase todos
os verões e finais de semana se
divertindo e surfando no Guarujá, agora ele se divide entre as
duas cidades na administração
do hotel, cuja história começou
44 anos atrás, quando seus avós
-poloneses que viviam no
Uruguai- vieram ao Brasil e
abriram o negócio.
"Imagine o que foi ter passado a infância num lugar que eu
adorava, convivendo com um
monte de gente ilustre da época." Entre os personagens que
povoam a recordação de Roman estão o ex-piloto de Fórmula 1 Ronnie Peterson e o pintor e arquiteto uruguaio Carlos
Paez Vilaró, que morou dois
anos no hotel Delphin nos anos
1970. "Ele veio fazer e vender
quadros aqui no Guarujá. Meu
pai cedeu um salão e ele improvisou um ateliê", conta. Ainda
hoje podem ser vistas interferências de Vilaró nas dependências do hotel, em murais e
paredes. Uma das obras deixadas ali pelo artista foi feita em
homenagem ao compositor de
tango argentino Astor Piazzola.
"Meu pai conta que todos os
dias Vilaró fazia uma espécie de
jornalzinho, escrevendo e desenhando as coisas que tinham
acontecido no hotel."
Quando não estava perambulando entre os hóspedes, Roman estava na água. Numa cidade que dá ondas quase o ano
inteiro, para um menino que tinha as praias de Pitangueiras,
Astúrias, Guaiuba, Tombo, Pernambuco e Perequê praticamente como quintal de casa,
nem tinha como ser diferente.
"Hoje não dá mais para andar
descalço no Guarujá", diz, queixando-se do crescimento da cidade. "Mas dá para provar um
pouco daquela sensação de liberdade do passado. Basta eu
pegar minha prancha ou fazer
um passeio de escuna..."
(PPR)
Texto Anterior: Farmacêutico reuniu coleção de 300 fotografias Próximo Texto: Pacotes Índice
|