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UM DIA SANTISTA
Em Santos, renovação vive marcha lenta
A apenas 80 km de SP, cidade portuária se alinha pelos canais e tem história que remonta à do Brasil
SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO
Apesar da proximidade, distando 80 km de São Paulo, os
passeios santistas são pouco
explorados por paulistanos.
Dona do maior porto brasileiro,
Santos é uma cidade cuja história se confunde com a do Brasil
-remonta a 1536, ano em que
foi fundada por Brás Cubas.
Com o quinto melhor índice
de desenvolvimento humano
(IDH) do país, museus e institutos culturais valiosos, uma
noite agitada, restaurantes típicos e até um bonde escocês, de
1910, a cidade tem uma orla
ajardinada, de 5,3 km, e, também, aquário municipal e local
de mergulho, a laje de Santos.
Mas, é pena, o paulistano,
que ainda não descobriu o turismo em Santos, muitas vezes
vê a paisagem de passagem,
embarcando num transatlântico (na última temporada, ocorreram ali 200 aportagens, realizadas por 15 navios).
E o pior: a visão do porto é desoladora. As experiências de recuperação em antigas áreas
históricas degradadas de Santos têm sido bem sucedidas,
mas não andam na velocidade
esperada, sobretudo na área
portuária, onde nem de longe
houve uma regeneração urbana
comparável às de Lisboa, Barcelona, Gênova, Cidade do Cabo e mesmo à de Buenos Aires.
Isso é triste se lembrarmos que,
há cem anos, Santos já tinha
um sanitarista como Saturnino
de Brito, idealizador e construtor de sistema de canais inédito. Até hoje, esses canais -onde
foram priorizadas a navegabilidade, a arborização e o sistema
em que águas pluviais e esgoto
não se misturam- são ali uma
obra de engenharia referencial.
Era Café
Até 1867, quando a estrada de
ferro Santos-Jundiaí iniciou
operações, 5.000 pessoas viviam na cidade -hoje, a população local soma 500 mil habitantes. Foi a economia do café,
cultivado então no planalto
paulista, que acelerou a atividade portuária, juntamente com a
passagem de imensos contingentes de imigrantes na virada
entre os séculos 19 e 20.
Em 1892, a Cia. Docas de
Santos edificou os primeiros
260 metros de cais acostáveis,
mudando o rumo da economia
santista. E foi nessa época que a
cidade foi retratada por Benedito Calixto (1853-1927), autor
de óleos de valor artístico e documental mostrando o porto,
os barcos a vela e a vapor, o casario e os armazéns de mercadorias. Suas marinhas retratam
ainda a paisagem e a geografia
no entorno de Santos. Há uma
pinacoteca com as obras de Calixto na rua Bartolomeu de
Gusmão, 15. Na mesma rua à
beira-mar, ficam atrações como o museu da Pesca, na altura
do número 192, num prédio de
1908 erguido num local onde,
em 1753, já havia um forte.
Entre o terminal de passageiros no porto e a Ponta da Praia,
referência para se chegar até as
atrações da rua Bartolomeu de
Gusmão, o caminho é inóspito:
as calçadas são precárias, há
trânsito intenso de caminhões
pesados, pouca segurança e nenhuma sinalização turística.
Na temporada de cruzeiros,
um ônibus de turismo leva gratuitamente até o shopping
Praiamar, próximo ao canal 6.
Da Ponta da Praia, no canal 7,
parte a balsa que liga Santos à
ilha de Santo Amaro, onde fica
a cidade de Guarujá. Guardada
à distância pela serra do Mar,
Santos, aliás, ainda tem nos canais legados por Saturnino de
Brito uma referências para
quem ali mora ou passeia.
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