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Foco
Arquiteto-fotógrafo mostra a cidade como ele gostaria que ela fosse
DA ENVIADA ESPECIAL
Há dez anos, o arquiteto e
fotógrafo santista Marcos Piffer, 46, lançou o que chamou
de um "roteiro lírico e poético" da cidade onde nasceu.
Até o último final de semana, ele estava em cartaz na Pinacoteca Benedicto Calixto
com a mostra "Coffea - O Café
no Brasil no século 21", que em
setembro vem para São Paulo.
Em entrevista à Folha, ele
fala sobre sua relação com a
cidade e sobre a revitalização.
FOLHA - Sua formação é em arquitetura. O que o levou a fotografar?
MARCOS PIFFER - Sempre adorei
fotografar. E nos cinco anos do
curso de arquitetura eu usava
bastante esse recurso, como
análise da vida urbana. Quando terminei a faculdade, trabalhei dois anos como arquiteto,
mas logo vi que meu negócio
era mesmo a fotografia.
FOLHA - A idéia de reunir imagens
de Santos nasceu desse exercício?
PIFFER - Meu trabalho de conclusão da faculdade já trazia a
idéia de fazer uma leitura da
cidade por meio de imagens.
Mas só transformei o projeto
em livro dez anos depois da
formatura. E tive de fotografar
tudo de novo, já que minha visão de Santos e minha técnica
haviam mudado bastante.
FOLHA - Sua visão mudou como?
PIFFER - Quando a gente está
na faculdade, tem um olhar
mais romantizado das coisas.
E mais crítico também. Com o
tempo, aprimorei isso. Na segunda vez que fotografei, acho
que tinha uma concepção
mais definida da cidade.
FOLHA - Que concepção era essa?
PIFFER - Como escreveu no
prefácio o maestro Gilberto
Mendes, as fotos que publiquei são da Santos que eu gostaria que fosse. Que a gente sabe que não é, mas que pode vir
a ser. Trabalhei também com
referências pessoais. Veja as
fotos do porto. Meu pai trabalhou lá durante 35 anos e me
levava lá para passear. A praia
era o meu parque Ibirapuera.
Tudo, quando você é adolescente, acontece na praia. Tem
também o centro histórico, e a
relação com ele é diferente. É
o lugar onde ficava o dentista.
Era onde meu avô trabalhava.
Depois é que surgiram outros
centros comerciais.
FOLHA - Você tem acompanhado
as ações de revitalização do centro?
PIFFER - Sim. Há muito o que se
fazer ainda. Mas o centro estava muito deteriorado, escondendo uma riqueza arquitetônica forte. O projeto de revitalização enfrenta falta de dinheiro e burocracia, mas está
trazendo seus frutos.
FOLHA - O que você acha que
atrairia mais turistas a Santos?
PIFFER - Falta um grande parque em Santos, um lugar alternativo de lazer fora da praia. E
mais atrações de manhã, à tarde e à noite, para aproximar as
pessoas, principalmente, do
centro da cidade.
FOLHA - Se você fosse fazer outro
projeto de fotos de Santos, que tipo
de trabalho imaginaria?
PIFFER - Talvez algo voltado à
arquitetura dos patrimônios
históricos.
FOLHA - Que passeios você indica
para quem visita sua cidade?
PIFFER - Subir ao monte Serrat
e provar as delícias alemãs e o
chope no Heinz Bar (rua Lincoln Feliciano, 118, Boqueirão;
tel.: 0/xx/13/3286-1875).
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