São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2008

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Foco

Arquiteto-fotógrafo mostra a cidade como ele gostaria que ela fosse

DA ENVIADA ESPECIAL

Há dez anos, o arquiteto e fotógrafo santista Marcos Piffer, 46, lançou o que chamou de um "roteiro lírico e poético" da cidade onde nasceu.
Até o último final de semana, ele estava em cartaz na Pinacoteca Benedicto Calixto com a mostra "Coffea - O Café no Brasil no século 21", que em setembro vem para São Paulo.
Em entrevista à Folha, ele fala sobre sua relação com a cidade e sobre a revitalização.

 

FOLHA - Sua formação é em arquitetura. O que o levou a fotografar?
MARCOS PIFFER
- Sempre adorei fotografar. E nos cinco anos do curso de arquitetura eu usava bastante esse recurso, como análise da vida urbana. Quando terminei a faculdade, trabalhei dois anos como arquiteto, mas logo vi que meu negócio era mesmo a fotografia.

FOLHA - A idéia de reunir imagens de Santos nasceu desse exercício?
PIFFER
- Meu trabalho de conclusão da faculdade já trazia a idéia de fazer uma leitura da cidade por meio de imagens.
Mas só transformei o projeto em livro dez anos depois da formatura. E tive de fotografar tudo de novo, já que minha visão de Santos e minha técnica haviam mudado bastante.

FOLHA - Sua visão mudou como?
PIFFER
- Quando a gente está na faculdade, tem um olhar mais romantizado das coisas.
E mais crítico também. Com o tempo, aprimorei isso. Na segunda vez que fotografei, acho que tinha uma concepção mais definida da cidade.

FOLHA - Que concepção era essa?
PIFFER
- Como escreveu no prefácio o maestro Gilberto Mendes, as fotos que publiquei são da Santos que eu gostaria que fosse. Que a gente sabe que não é, mas que pode vir a ser. Trabalhei também com referências pessoais. Veja as fotos do porto. Meu pai trabalhou lá durante 35 anos e me levava lá para passear. A praia era o meu parque Ibirapuera.
Tudo, quando você é adolescente, acontece na praia. Tem também o centro histórico, e a relação com ele é diferente. É o lugar onde ficava o dentista.
Era onde meu avô trabalhava.
Depois é que surgiram outros centros comerciais.

FOLHA - Você tem acompanhado as ações de revitalização do centro?
PIFFER
- Sim. Há muito o que se fazer ainda. Mas o centro estava muito deteriorado, escondendo uma riqueza arquitetônica forte. O projeto de revitalização enfrenta falta de dinheiro e burocracia, mas está trazendo seus frutos.

FOLHA - O que você acha que atrairia mais turistas a Santos?
PIFFER
- Falta um grande parque em Santos, um lugar alternativo de lazer fora da praia. E mais atrações de manhã, à tarde e à noite, para aproximar as pessoas, principalmente, do centro da cidade.

FOLHA - Se você fosse fazer outro projeto de fotos de Santos, que tipo de trabalho imaginaria?
PIFFER
- Talvez algo voltado à arquitetura dos patrimônios históricos.

FOLHA - Que passeios você indica para quem visita sua cidade?
PIFFER
- Subir ao monte Serrat e provar as delícias alemãs e o chope no Heinz Bar (rua Lincoln Feliciano, 118, Boqueirão; tel.: 0/xx/13/3286-1875).


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