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A TV NO DIVÃ
Profissionais querem melhorar programação com a participação de toda a sociedade
ONG discutirá mídia para jovens
DA REDAÇÃO
Discutir a mídia para crianças e adolescentes, refletir sobre a programação das
TVs e propor transformações. Esses são
os principais objetivos do Centro Brasileiro de Mídia para Crianças e Jovens,
ONG em processo final de estruturação
(deve ser oficializada dentro de um mês)
composta por jornalistas, produtores e
pessoas ligadas às áreas de comunicação
e educação.
A presidente da nova entidade, Beth
Carmona, diretora de programação dos
canais Discovery no Brasil, afirma que a
idéia surgiu em 1999 -quando ela e um
grupo de profissionais organizaram o
"Encontro de TV e Qualidade", no Sesc
Paulista, em São Paulo- e ganhou força
no ano passado, durante a 3ª Cúpula
Mundial de Mídia para Crianças e Jovens, na Grécia. "Nós queremos que os
profissionais que trabalham com a mídia
pensem a respeito disso. E queremos
também atingir o público consumidor,
que, muitas vezes, não dispõe de mecanismos para intervir na qualidade do que
vê", diz.
A ONG já está se organizando para trazer a próxima cúpula para o Brasil. "Esse
evento acontece a cada três anos, e o próximo, em 2004, vai ser organizado por
nós, no Rio de Janeiro", anuncia. Segundo ela, a necessidade de discutir a mídia
para crianças e adolescentes é imperativa
porque, nessa idade, as pessoas ainda estão em formação e precisam de boas referências. "Nós achamos que só com a
formação e a educação poderemos
transformar algo", diz Beth, que é "jornalista amiga da criança", título concedido pela Andi (Agência de Notícias dos
Direitos da Infância).
A influência que a mídia exerce sobre
as crianças e a formação dos profissionais que trabalham nela são os temas que
mais preocupam o grupo. "Os profissionais saem da universidade, entram num
mercado viciado e se esquecem um pouco da sua responsabilidade social. Nós
queremos fazer com que eles reflitam sobre o seu trabalho", afirma Beth, explicando que o grupo se debruçará prioritariamente sobre a mídia eletrônica, ou seja, TV e internet.
O Centro Brasileiro de Mídia para
Crianças e Jovens quer preparar as pessoas para uma mídia de qualidade. Mas o
que seria isso? "Uma mídia que possa
ampliar o conhecimento, que não deturpe os fatos e que promova a variedade",
diz Beth, diretora de programação da TV
Cultura até 1998.
"É um tema que preocupa as pessoas
do mundo inteiro. Existem organizações
como a que queremos fundar nos Estados Unidos, na Europa e na Austrália."
Uma das maiores preocupações dessas
entidades é a violência a que a TV expõe
os jovens. "Não queremos uma TV cor-de-rosa, onde a violência não exista, mas
as ações precisam ser justificadas. A TV é
uma concessão pública e tem que ter
compromisso com a sociedade".
Para ela, programas como "Castelo Rá-Tim-Bum" (Cultura) e "Sítio do Picapau
Amarelo" (Globo) são bons exemplos de
programação de qualidade na TV aberta.
(PALOMA VARÓN)
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