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ATÉ QUE O VOTO OS SEPARE
Amor de "reality", amor passageiro
Casais que se formam nos programas de TV não vingam na vida real; relação serve mais como proteção mútua, diz sexóloga.
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CARLA MENEGHINI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
NA PRIMEIRA edição de "Casa dos
Artistas", do SBT, um casal conquistou a simpatia do Brasil: Bárbara Paz e
Supla, que ganharam respectivamente o
primeiro e o segundo prêmios do "reality
show". Em seguida, vieram novos "reality
shows" e mais casais: Xaiane e Kléber e
Vanessa e Serginho, do "Big Brother Brasil", da Globo, Cynthia Benini e André
Gonçalves, Vitor Belfort e Joana Prado e
Syang e Gustavo, da "Casa 2".
Mas o tempo vem mostrando que a
maioria das relações iniciadas em "reality
shows" não sobrevive fora do confinamento. "Sabíamos que aquilo era uma vida irreal e que terminaria; quando saí da
"Casa", tive a sensação de que nem nos conhecíamos de verdade", diz Supla.
"Dificilmente esses casais continuarão juntos, pois os
relacionamentos se prestam à realidade do show, não à
da vida", afirma a psicanalista e sexóloga Regina Navarro Lins, 53, que acredita que os participantes buscam
nada mais do que proteção e cumplicidade nos envolvimentos. "É uma situação de competição, ninguém é
amigo de ninguém; namorar ali é ter certeza de que pelo
menos aquela pessoa não vai se voltar contra você", diz.
"O bom é que os dois se ajudam e criam uma cumplicidade nas eliminações; além disso, a troca de carinhos
faz o tempo passar mais rápido", afirma Supla (na página seguinte, veja o que diz Bárbara).
O cabeleireiro franco-angolano Sergio, ex-"BBB",
acredita que seu namoro com Vanessa "foi o que deu
equilíbrio para enfrentar o confinamento".
Eles não estão mais juntos, mas ambos dizem planejar
uma reaproximação no futuro. "Vamos ter de nos conhecer de novo, ver como somos fora daquele ambiente
artificial", diz a modelo Vanessa, segunda colocada do
programa e que agora terá um papel numa das próximas novelas da Globo.
Segundo ambos, o que impede o namoro no momento é a falta de tempo dos dois e o processo de deportação
que Sérgio está enfrentando. "Primeiro vou resolver
meus problemas com a Polícia Federal; não quero fazer
a Vanessa sofrer", diz o estrangeiro, que não tem garantida sua permanência no Brasil por muito tempo.
Cynthia Benini, eliminada da "Casa dos Artistas 2",
diz pretender recomeçar a namorar André Gonçalves
quando ele sair do programa e que não teme o envolvimento dele com outra participante. "Conheço o André
muito bem; nossa afinidade vai continuar independentemente do programa", diz.
Depois da saída de Cynthia, o índice de rejeição a André na votação pelo UOL disparou. "Muita gente deve
ter achado que, com a minha saída, o André tinha perdido sua graça. Não só nos "reality shows", mas também
nas novelas, as pessoas têm interesse por
casais românticos, uma forma de identificação natural", diz Cynthia, para quem
André ainda é o concorrente mais forte
aos R$ 400 mil.
"Claro que pode acontecer de um casal
continuar, mas eles teriam de se redescobrir, o que é muito difícil, porque pensam que se conhecem", avalia Regina. "O
programa é um recorte da realidade, um
ambiente em que tudo conspira para que
os participantes se envolvam e se toquem, por isso podem vir à tona aspectos distorcidos da personalidade, que
nunca viriam do lado de fora", diz.
Energia negativa Envolver-se
com outro participante também pode
atrapalhar os competidores dos "reality
shows". "Depende da energia que o casal
passar, se o público sentir que não é verdadeiro, elimina mesmo", diz Sérgio.
Foi o que aconteceu com Xaiane e Kléber, também do "BBB". Após duas semanas de um fogoso "affair" debaixo do
edredom, os dois foram para o paredão e
Xaiane acabou eliminada. "Não fiz aquilo para chamar atenção nem para imitar
a "Casa dos Artistas'", diz a ex-participante. Depois da saída dela, Kléber, o
vencedor do prêmio de R$ 500 mil, melhorou seu entrosamento com os outros
e ganhou a simpatia do público.
As brigas de casal também podem gerar antipatia no telespectador. O lutador
Vitor Belfort acredita ter sido eliminado
da "Casa 2" devido ao excesso de brigas
que teve no ar com Joana Prado, a Feiticeira. Ambos já haviam namorado e reataram ao se reencontrar no "reality
show". "Em relação ao jogo, nosso namoro acabou prejudicando. O público
está acostumado com romances de novela, e num show de realidade o romance
nem sempre é bonito, tem brigas e ciúmes", diz Belfort, que pediu Joana em casamento durante o programa do último domingo, quando empresas se ofereceram para patrocinar a festa.
Separação Mesmo efêmeros, os romances podem atrapalhar relações sólidas. A união do apresentador Daniel Sabbá e da roqueira Syang terminou depois
que ela cedeu às investidas do modelo Gustavo Mendonça na "Casa 2". Após tentar invadir o SBT para retirar a namorada do programa, Sabbá anunciou o rompimento unilateral. Syang, eliminada há uma semana,
se disse "confusa".
Para Regina Navarro, a falta de privacidade tende a
tornar a relação tensa e as brigas, inevitáveis. "Eles ficam naquele tesão e não podem transar, um mal-estar
terrível", diz. Vanessa concorda: "A falta de privacidade
me irritava, a intimidade era limitada pelas câmeras".
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