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OLHAR ESTRANGEIRO
Diretor da CNN diz que microcâmera fere a ética
Harris Whitbeck, que veio do México para cobrir a festa do penta, afirma que repórteres da rede usam esse recurso cada vez menos
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CARLA MENEGHINI
DA REPORTAGEM LOCAL
ATÉ que enfim o correspondente e
diretor da sucursal do México da
CNN, Harris Whitbeck, 37, acompanhou
um assunto agradável. Escalado para cobrir os atentados de 11 de setembro, a
guerra no Afeganistão e a guerrilha na
Colômbia, Whitbeck esteve no Brasil na
semana passada para mostrar as comemorações da vitória na Copa.
Em entrevista à Folha, o jornalista falou sobre sua missão no país, o caso Tim
Lopes e o uso de microcâmeras na CNN.
Por que a CNN decidiu cobrir com detalhes a reação dos brasileiros ao pentacampeonato?
Este país é tão unicamente apaixonado
por futebol que a Copa é uma ótima história para contar ao resto do mundo.
Além disso, é a chance de, para variar, falar de coisas boas. Neste ano, estive no Afeganistão, na Colômbia, na Guatemala, cobrindo conflitos violentos. Cobrir
uma festa alegre como essa, num país como o Brasil, é um presente para mim.
Faltam notícias boas sobre a América
Latina na CNN?
Acho que sim. Sempre que parto para
uma cobertura, me pergunto: por que estou sempre dando notícias ruins? Infelizmente, coisas terríveis acontecem na
América Latina, e é obrigação da CNN
mostrá-las ao mundo. Acaba faltando
espaço para as notícias agradáveis.
Você tomou conhecimento do caso Tim
Lopes? Como ele repercutiu no exterior?
Claro. Foi uma notícia de grande impacto fora do Brasil, ao menos no meio
jornalístico. É muito preocupante.
A CNN permite o uso de microcâmeras
escondidas em reportagens?
A CNN costumava usá-las no passado,
mas somente se não houvesse outra forma de fazer a reportagem. Hoje, esse uso
é ainda mais restrito, para não dizer raro,
não só por causa da segurança, mas,
principalmente, por motivos éticos.
Mostrar a imagem de alguém sem o seu
consentimento é contra a política da
CNN, sustentada pelo comitê de ética.
Quais são as regras da CNN para o uso
das microcâmeras?
Além de esquemas de segurança, os repórteres passam por um treinamento intensivo. Aliás, sempre que partimos para
qualquer cobertura que envolva conflito
armado, enfrentamos no mínimo uma
semana de treinamento, em que aprendemos a operar em áreas de perigo e a
enfrentar possíveis interrogatórios.
Você já fez matérias com microcâmeras?
Não, e estou na CNN há 11 anos.
Você faria?
Sim. Sei que a CNN só faria isso se fosse
absolutamente necessário e seguro.
O que você acha da tentativa do governo israelense de tirar a CNN do ar no país?
Não posso comentar esse caso porque
não respondo pela CNN.
Quais prêmios você recebeu?
Recentemente, recebi dois prêmios
"National Headliner": um por uma reportagem sobre a atuação do Hizbollah
na fronteira entre Brasil e Argentina; outro pela cobertura do atentado de 11 de
setembro. O melhor não é ganhar um prêmio, mas testemunhar esses momentos históricos.
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