São Paulo, domingo, 11 de agosto de 2002

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CANAL TOGADO

Julgamentos polêmicos serão o principal trunfo da TV Justiça


Emissora do Poder Judiciário entra no ar hoje com a meta de tornar os tribunais mais transparentes


FERNANDA DANNEMANN
FREE LANCE PARA A FOLHA

ASSIM como a TV Câmara e a TV Senado, canais públicos veiculados por cabo e que alcançam audiências consideráveis dependendo da programação -a cassação do senador Antônio Carlos Magalhães, no ano passado, por exemplo, teve grande audiência na TV Senado -, a TV Justiça, que entra no ar hoje, às 14h, em caráter experimental, provavelmente irá pelo mesmo caminho.
"Onde vier a ocorrer um julgamento do interesse da sociedade, poderemos ter uma publicidade maior, divulgando-o. A TV Justiça vai contribuir para essa maior transparência do Judiciário", diz Marco Aurélio de Mello, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), onde fica a sede da emissora.
Como o próprio nome diz, o canal é do Poder Judiciário. Direcionado ao cidadão comum, seu maior desafio será traduzir em linguagem acessível o que se passa nos corredores da Justiça. "É um canal didático e de conscientização da população", diz a gerente -termo usado pelo canal- Cláudia Lemos.
Segundo ela, não faltará assunto. "Muitas coisas do cotidiano das pessoas passam pela Justiça, como os direitos das trabalhadoras relacionados à maternidade ou a permissão ou não do uso de películas escuras em vidros de automóveis", afirma.
Mas os picos de audiência certamente ficarão por conta das transmissões de julgamentos importantes ou polêmicos. Elas poderão ser ao vivo ou gravadas e editadas. Fazendo jus ao didatismo, Cláudia Lemos afirma que as imagens sempre terão o acompanhamento de um âncora. "Haverá cortes para o estúdio, onde o apresentador comentará os fatos, e artes que esclarecerão o significado de termos como habeas corpus", diz ela.
Contratada pelo STF, a TV Cultura de São Paulo opera a nova emissora, e foi quem recrutou e selecionou a maior parte dos profissionais, além de criar cenários e vinhetas. Desde 1996, o STF investiu US$ 740 mil em equipamentos.
Com cobertura nacional, a TV Justiça conta com mais de 50 instituições envolvidas na produção de sua programação. "Montamos uma rede em que o STF produz notícias e edita material enviado por Tribunais, Defensorias e Ministérios Públicos de todo o país", afirma Cláudia.
O sinal da TV Justiça será retransmitido pela Sky e Directv em todo o país, além de operadoras de cabo nas capitais e antenas parabólicas. A programação estará no ar diariamente das 14h às 20h. Segundo Cláudia Lemos, a expectativa é de que profissionais ligados ao direito formem um público cativo, mas que o cidadão comum seja conquistado pela programação "quando estiver zapeando com o controle remoto".


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