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"Tudo é violência", diz Capitão Aza
DA REPORTAGEM LOCAL
Ex-apresentadora do "Globinho", telejornal infantil exibido pela Globo na
década de 70, Paula Saldanha lembra
que aquele era único informativo que
não sofria censura prévia por parte do
governo militar.
"Se fosse ao ar hoje, estaríamos trocando em miúdos o Mercosul e o novo
cenário político do Brasil", diz ela, que
também defende a criação de um código de ética para a TV. "Meus amigos
do exterior acham nossa programação
uma loucura", diz.
Aracy Balabanian, do elenco de "Vila
Sésamo", também dos anos 70, se diz
assustada até com os desenhos atuais.
"Éramos avaliados semanalmente por
psicólogos e tínhamos que cuidar da
nossa imagem para não desestabilizar
o público; merchandising ali era complicadíssimo", afirma.
Supervisor da primeira versão de
"Sítio do Picapau Amarelo" (1977-1984), Edvaldo Pacote diz que a Globo,
na época, não estava preocupada com
lucros. "A equipe de especialistas e
educadores media até as palavras do
roteiro para fazer o melhor para as
crianças".
Wilson Vianna, intérprete do "Capitão Aza" na Tupi nos anos 60 e 70, diz
que está tudo errado na programação
infantil. "Hoje, tudo é violência. Não se
fala de civismo, religião e estudo."
Para seu antigo concorrente Pietro
Mário, o "Capitão Furacão", da Globo,
que entrou no ar no dia da estréia da
emissora, em 1965, e ficou no ar por
cinco anos, a influência da TV é clara.
"Os pais me pediam pra aconselhar as
crianças, a televisão educava", diz ele.
A atriz Elisângela, na época uma
criança que ajudava o Capitão Furacão, aconselha: "É melhor tirar a TV do
quarto dos filhos, senão eles vão aprender tudo o que não devem". (FD)
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