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ENTREVISTA - ROGÉRIO GALLO
Mion fará caridade
"Sei que os fãs dele [Mion] gostam justamente desses excessos, mas estamos fazendo TV aberta. Precisávamos ampliar o espectro do público"
Há um ano, o diretor-geral de programação
da Band, Rogério Gallo, 35, iniciou uma
completa reformulação na emissora e agora
colhe os frutos. Em entrevista à Folha, Gallo
avaliou as mudanças feitas, falou dos novos
planos e anunciou os ajustes feitos no "Descontrole", de Marcos Mion, que, a partir de amanhã, será transformado em um "game
show" voltado para a cidadania e "sem excessos ou agressões".
CARLA MENEGHINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Nesse primeiro ano da nova programação, que mudanças você considera bem-sucedidas? Quais não deram certo?
O processo mais importante é o de reposicionamento, para tornar a Band
mais popular, mais jovem e mais feminina. O aumento de 157% da presença da
mulher no público vespertino e o crescimento da audiência em todos os horários são sinais desse sucesso. Mas num
processo de reformulação tão amplo, os
ajustes são normais. O importante é
identificar o erro e agir rápido.
Você acha que o programa de Marcos
Mion entrou no rumo certo? Quais ajustes
serão feitos?
A partir da próxima segunda-feira
[amanhã], o programa do Mion será
transformado em um grande "game
show". Pegamos tudo o que deu certo,
como os calouros e as ações de cidadania, e juntamos tudo para montar a gincana, em que a solidariedade vai ser o
principal. Serão duas equipes que vão
participar de provas de cidadania e de
entretenimento derivadas dos antigos
quadros. Os prêmios vão para instituições de caridade.
E os quadros que não deram certo?
Tudo que consideramos que não deu
certo foi retirado do programa: excessos
do Mion, coisas agressivas ou simplesmente inúteis. Esses elementos foram retirados porque não estavam agradando à
maioria do público. Sei que os fãs dele
gostam justamente desses excessos, mas
estamos fazendo TV aberta, não podemos nos dirigir a apenas um segmento
do público. Precisávamos ampliar o espectro do público do programa.
Qual foi a reação do Marcos Mion?
Ele é ótimo. Não houve resistência nem
foi uma intervenção, de forma alguma. O
Mion não está sendo enquadrado ou coisa parecida, pelo contrário, está muito
engajado e participou das decisões, até
porque um programa como esse, ao vivo, depende do apresentador, ele tem de
acreditar muito na idéia para funcionar.
Como você avalia o processo de plágio
movido pela MTV contra a Band, devido a
quadros do "Descontrole"?
Eu fiquei feliz com a decisão da Justiça,
que confirmou recentemente a liminar
que garante a exibição dos quadros.
Quais são as armas da Band na briga pelo terceiro lugar com Record e Rede TV!?
Buscamos resultados sem abrir mão da
qualidade. Nosso diferencial é ser uma
TV popular, comprometida com seu código de ética e que respeita o telespectador. Nossa arma é fazer uma TV ao vivo,
vibrante, baseada na força de nossos comunicadores, na independência e credibilidade do nosso jornalismo e na clareza dos nossos objetivos.
Para grande parte do público de outros
Estados, a Band sempre teve a imagem de
canal paulista? Como mudar isso?
Esta é certamente uma das principais
metas da Band. Queremos ter cada vez
mais a cara do Brasil. A nova programação, a nova identidade visual e o slogan
refletem isso bem. Estamos também aumentando a participação das praças.
Você acha que os "reality shows" vieram para ficar? A Band tem planos de produzir um "reality show"?
Acho que é um novo gênero, que veio
para ficar. Mas não acredito que esse
"boom" de audiência se sustente, como,
aliás, já vem se comprovando. Estudamos a possibilidade de produzir um
"reality show", mas eu não gostaria de
simplesmente clonar um formato, e sim
desenvolver algo novo.
Como a Band, uma emissora que sempre teve o futebol como prioridade, está
sobrevivendo a uma Copa sem direito à
transmissão dos jogos?
Infelizmente, os custos tornaram proibitiva a nossa participação na Copa.
Quem mais perde com isso, sem dúvida,
é o público, que fica sem o direito de escolha. Estamos fazendo uma cobertura
alternativa, repercutindo nos telejornais
e nos programas especializados.
A emissora pretende investir em
teledramaturgia?
Não descartamos a possibilidade de incluir a teledramaturgia na
grade, mas, certamente, não seremos produtores
neste momento.
O que você está
achando da volta
do Goulart de Andrade?
Eu estou muito
feliz com a vinda do Goulart. Tenho uma
relação de longa data com ele. Admiro e
respeito seu trabalho e tenho muito orgulho de tê-lo em nossa programação.
Optamos por um programa que resgata
seu lado repórter, que o coloca de volta à
frente das reportagens investigativas.
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