São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002 |
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Fazer uma novela dá trabalho FREE LANCE PARA A FOLHA
Uma novela como "Esperança" reúne,
fora o elenco, mais de 50 profissionais,
entre cenógrafos, historiadores, figurinistas, costureiras, camareiros, cabeleireiros, maquiadores e técnicos de vídeo,
som e luz. "Esta unidade toda é que faz a
novela. É um trabalho absolutamente em
conjunto", diz o diretor de "Esperança",
Luiz Fernando Carvalho.
O autor Ricardo Linhares ("Porto dos
Milagres", "Meu Bem Querer", entre outras), que também gosta de trabalhar em
grupo, se reúne com seus colaboradores
semanalmente para definir os rumos da
história. "Gosto que cada colaborador fique responsável por um núcleo, ou até
mais de um. Depois, junto tudo e dou
uniformidade ao roteiro final", diz ele.
Já Agnaldo Silva ("Porto dos Milagres", "A Indomada", "Suave Veneno"...), que considera essenciais o melodrama, o humor e o mistério, prefere
passar um roteiro preestabelecido aos
colaboradores, descrevendo as cenas
exatamente como elas deverão ser. "Eles
desenvolvem os diálogos e juntam as cenas. Depois, dou unidade ao capítulo."
Eles explicam que é impossível terminar a novela como a princípio imaginam.
"Depois de 30 capítulos, o desempenho
dos atores e a receptividade do público
norteiam a trama", afirma Linhares. "Alguns autores pensam que são donos da
novela, mas eu acho que o dono é o produtor, que entra com a grana, e o público. Dizer que não liga pra audiência é gênero", comenta Agnaldo.
Em resposta à tentativa de invasão dos
"reality shows", as "novelas da vida real",
na seara da teledramaturgia, Luiz Fernando Carvalho se diz indignado. "Cada
vez mais, parece que se perde a consciência do que seja um trabalho artístico. Daqui a pouco os atores são os "Bam-Bans" e
as novelas, os "Big Brothers"."
Por nunca trabalharem menos de dez
horas por dia -alguns chegam à média
de 16-, sete dias por semana, os autores
dizem que o mais difícil é implantar a novela. "Os primeiros 30 capítulos são um
salto no escuro, porque a gente não sabe
se há receptividade do público", diz Agnaldo, que afirma necessitar de 12 a 18
meses entre um trabalho e outro para se
restabelecer e começar a construir sua
próxima trama.
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