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TV NA BERLINDA
Lançamento da 4ª Cúpula Mundial acontece amanhã, no Rio, com a presença de 70 delegados de várias partes do planeta
Começa discussão sobre mídia para criança e jovem
MARCELO BORTOLOTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
VIOLÊNCIA, consumismo, erotização precoce, incentivo ao consumo de álcool e tabaco. Esses deverão ser
alguns dos temas debatidos na 4ª Cúpula Mundial de Mídia para Crianças e
Adolescentes, que acontecerá na cidade
em 2004 e será lançada oficialmente
amanhã, no Rio de Janeiro.
Realizada a cada três anos, a cúpula é
uma iniciativa da World Summit on
Midia for Children Foundation e, pela
primeira vez, terá sede na América Latina. Durante toda esta semana, 70 delegados mundiais estarão reunidos no
Rio para discutir as diretrizes do evento,
que terá a programação televisiva no
centro de suas atenções.
Para Claudio Ceccon, do Centro Brasileiro de Mídia para Criança, parceiro
da Cúpula, o objetivo não é instituir
censura, mas zelar para que os produtores de mídia infantil estejam cientes de
que seu espectador é um indivíduo ainda em formação.
Ele afirma que as últimas cúpulas produziram documentos que influenciaram legislações nacionais e são aceitos
internacionalmente. "Ninguém é abertamente contra algo que fale em qualidade e que se dirija à criança e ao adolescente. É que nem sempre a qualidade
é clara para todos", afirma.
Regina Assis, presidente da Empresa
Municipal de Multimeios, do Rio, outra
das organizadoras do encontro, diz que
será uma oportunidade de reavaliar o
resultado das últimas cúpulas sob o
ponto de vista de países em desenvolvimento. "Queremos criar uma rede interamericana de pesquisadores que possa
ter voz e voto nas decisões que digam
respeito à produção de mídia para
criança e adolescente", afirma.
Segundo Regina Assis, a produção infantil no Brasil ainda é mínima para o
consumo do país e deveria ser vista, trocada e co-produzida com outras partes
do mundo. "Há programas infantis que
têm só dez minutos de gracinha; o resto
é tudo enlatado. Não precisamos que os
americanos ou europeus nos representem", afirma.
Agressividade
O representante
da Unesco no Brasil, Jorge Werthein,
acredita que o elemento mais preocupante hoje na TV é a exacerbação da
violência, que tem um impacto muito
negativo sobre crianças e jovens.
Segundo ele, os mais afetados por esse
bombardeio são aqueles que possuem
estruturas familiares fracas. "Muitas
crianças e adolescentes no Brasil são
praticamente excluídos de alternativas
culturais ou de lazer, o único veículo
que têm é a TV. Em outros países, elas
ficam menos tempo diante da televisão", afirma.
Para Werthein, o controle de conteúdo também é mais eficaz em países desenvolvidos, onde os produtores seguem um código de ética, o que não tem
funcionado para a América Latina.
Regina Assis cita como exemplo o crime do Brooklin, em que o casal Richthofen teria sido assassinado a mando
da filha. "Aquele crime não foi praticado por uma pessoa despreparada, mas
por alguém que assistiu a muitas horas
de televisão desde pequena. É esta visão
de estar acima do bem e do mal que a
mídia veicula. Programas onde vale tudo, onde as pessoas ficam famosas da
noite para o dia, passam essa imagem
de impunidade", diz.
Segundo ela, os crimes praticados por
crianças e adolescentes nos EUA e na
Inglaterra também não são gratuitos.
"Eles foram praticados por pessoas que
aprenderam isso e que tiveram uma babá eletrônica poderosa desde pequenas", completa.
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