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PAVIO CURTO
Apresentador diz que não abandonará seu jeito explosivo
Kajuru também é Cultura
DA REDAÇÃO
JORGE KAJURU, apresentador e
comentarista esportivo que está deixando a Rede TV!, promete não abandonar seu jeito explosivo e polêmico. Na
busca por novos caminhos, ele está dando prioridade à TV Cultura e, ainda como convidado, deve participar do "Cartão Verde" hoje à noite.
Depois da conturbada saída do ex-diretor de jornalismo da RedeTV!, Alberico Souza Cruz, Kajuru decidiu deixar a
emissora, alegando "fidelidade e gratidão" ao ex-chefe. "Não esperava a saída
dele, e os funcionários sabiam que minha fidelidade ao Alberico é grande. Ele
ficou muito triste, abalado, não esperava
aquilo. Ninguém ficou surpreso com a
minha saída", afirma. "O que vale para
mim é a palavra. E a emissora tinha a minha palavra de que eu só ficaria lá com o
Alberico. Quem não tem gratidão não
tem caráter."
A manifestação do apresentador sobre
o episódio, no último programa "A Hora
do Kajuru", teria irritado a direção da
emissora. "A imprensa disse que pedi
demissão no ar. Mentira, todos na Rede
TV! sabiam que eu tomaria essa decisão
em solidariedade a um amigo. E fui mal-interpretado: não foi um pedido de demissão, foi uma despedida", defende-se.
"Acho um absurdo um profissional de
TV que entra na casa dos outros, durante
dois anos, cria uma relação com o telespectador e, no dia em que vai embora,
não dá satisfação. Isso não existe, tem
que acabar. Que ética é essa?", questiona.
Prefere expressar boas recordações da
Rede TV! "Não sou capaz de falar mal
dos donos da emissora. Um programa
de TV me chamou para falar mal dos
dois, não fui e não vou. Por que? Foram
corretos comigo, deram um programa
que eu queria, deram tudo", diz. "Estou
aliviado e feliz. Pelo que fiz à emissora e
pelo que fizeram por mim, estamos no
zero a zero. É melhor terminar tudo bem.
No futuro posso voltar, tudo pode mudar. Não sabemos o destino".
A Rádio K, de Goiás, é a menina dos
olhos do apresentador. "Demorei 20
anos para comprá-la. Não tenho casa
própria, não consegui até hoje comprar a
casa da minha mãe. Esse patrimônio,
que só me dá prejuízo, me dá a tranquilidade de não aceitar qualquer coisa", diz.
"Depois de trabalhar com Juca [Kfouri" e
com a Rede TV!, que só me deu alegria, é
muito difícil aceitar qualquer proposta".
Apesar de aparentar tranquilidade, Kajuru não esconde a insatisfação com a
sua situação atual e a TV brasileira. "Ainda estou sob um efeito. Não consigo dormir, voltei a fumar charutos. Estou muito tenso ainda, não quero falar com ninguém por enquanto. Muitas emissoras
sabem que não aceito trabalhar sem liberdade para falar", diz. "A TV brasileira
está uma tristeza. Sou do tempo do Chacrinha, Flávio Cavalcante e Stanislau
Ponte Preta, profissionais maravilhosos.
Hoje, qualquer um faz televisão".
Carreira A trajetória do apresentador começou na Rádio Cultura, em 1971,
em Cajuru. Três anos depois, trabalhou
na Rádio Renascença, em Ribeirão Preto, onde conheceu o amigo José Luiz Datena. Em 76, começava a profissionalizar-se, como estagiário da Rádio Globo
de São Paulo, e jornalista da Rádio Capital, no ano seguinte. "Conheci o Datena.
E ficamos "irmãos" desde garotos. Em
São Paulo, continuou esse jeitão [pavio
curto" meu. Nos meus 17 anos, vi o diretor geral da Rádio Capital destratar um
colega da forma mais humilhante possível. Esse diretor estava em pé, próximo a
uma piscina. Fiquei com tanta raiva dele
que o joguei dentro d'água. Fui demitido, evidentemente."
Na década de 80, em Minas Gerais, iniciou-se na televisão, na TV Alterosa (80-82) e no SBT (83-87), como repórter de
campo. "Na TV, sou o mesmo cara que
está no boteco, no restaurante ou em casa. Sou eu mesmo, inteiro, do jeito que
sou, infelizmente com defeitos", diz.
"Sou verdadeiro, inteiro. Ainda vivo por
duas grandes paixões da vida: o amor e a
amizade. Mais vale morrer por algo do
que viver por nada."
(RODRIGO RAINHO)
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