|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CAMPANHA
Comissão coloca telefone e site à disposição dos indignados
Câmara recolhe denúncias contra a apelação na TV
RODRIGO RAINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A CAMPANHA "Quem Financia a
Baixaria é Contra a Cidadania",
criada pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, dá o primeiro passo para pressionar anunciantes e programas de TV a respeitarem o
telespectador. Segundo seu idealizador,
o deputado federal Orlando Fantazzini
(PT-SP), 44, um Conselho, formado por
membros de várias instituições, vai negociar mudanças nos formatos com as
emissoras ou convencer empresas a não
patrocinarem a apelação. Se nada disso
funcionar, a idéia é promover um boicote do consumidor aos produtos dos
"anunciantes da baixaria".
Quais os objetivos da campanha?
Classificar os programas de baixaria a
partir de denúncias da população, formar um Conselho para analisar produções que tenham sistemática violação
dos direitos humanos e afronta à Constituição Federal, e solicitar a alteração do
formato à produtora ou emissora. Não
havendo êxito, vamos procurar os patrocinadores e pedir que intercedam. Se,
mesmo assim, não houver sucesso, vamos divulgar programas e anunciantes e
estimular consumidores a não adquirirem produtos que financiam a baixaria.
Já há reclamações?
Várias, principalmente sobre programas infantis e outros que banalizam sexo
e violência ou instigam preconceito racial. A maioria das queixas vem das mulheres e dos homossexuais.
Já existe uma lista de empresas que
anunciam em programas sem qualidade?
Ainda não. Disponibilizamos o site
www.camara.gov.br/cdh e o telefone
0800-619619 para que a população encaminhe as reclamações. No final do ano,
pretendemos soltar uma relação dos
programas de baixaria mais citados, mas
sem classificação e patrocinadores.
Quem formará o Conselho?
O prazo para inscrição de entidades
termina dia 28. Até 5 de dezembro, vamos selecioná-las.
Como emissoras e anunciantes serão
pressionados?
Se não temos como intervir nas emissoras de TV, vamos ao consumidor, que
não vai querer produto vinculado a imagem negativa.
Houve algo parecido em outros países?
Neste ano, na Itália, houve um dia de
protesto contra a programação. Grande
parte da sociedade não ligou a TV em
protesto contra a programação de baixa
qualidade.
Como surgiu a idéia da campanha?
A partir de e-mails com queixas e do
caso do pedófilo de São Paulo. Um programa de TV ["Programa do Ratinho],
SBT" mostrou cenas explícitas dele fazendo sexo oral com as crianças. Isso é
crime, afronta o artigo 241 do Estatuto da
Criança e do Adolescente. Solicitamos à
emissora que mostrasse apenas a imagem do criminoso. A partir daí, ele [Ratinho] passou a detonar a Comissão de Direitos Humanos e a minha pessoa. Recebi conselhos para não seguir com a campanha. Levei adiante e fui reeleito, sinal
de que a população está mais indignada
com a mídia.
Quando começa a negociação com as
emissoras?
Assim que sair o parecer do Conselho
sobre os programas. Promovemos um
seminário e a Abert [Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV] teve posição muito ruim: "Quem não quer assistir, que mude de canal". É desrespeitosa
com o cidadão.
O povo gosta de baixaria?
Isso é uma grande mentira. O povo assiste porque não tem condições de ir ao
cinema, teatro ou de assinar canal fechado. Não há alternativa a essas porcarias.
Texto Anterior: Cartas Próximo Texto: Sinal cortado: Emissoras menores e Embratel travam batalha Índice
|