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ENTREVISTA
O diretor Maurício Farias fala do sucesso da sitcom da Globo
Família bem resolvida
MARCELO BORTOLOTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
MAURÍCIO Farias, 40, é o diretor
da sitcom "A Grande Família", sucesso da Rede Globo que vem atingindo
médias de 41 pontos de audiência (cada
ponto equivale a 48,5 mil domicílios na
Grande SP). Filho do cineasta Roberto
Farias e marido da atriz Andréa Beltrão,
Maurício é da nova geração de diretores
que vêm dando uma cara diferente à
programação da emissora.
A mudança de horário para depois da
novela das oito interferiu muito na audiência de "A Grande Família"?
O programa já tinha uma performance
excelente no horário em que estava e,
com a mudança, cresceu no índice de audiência. Isso mostra que ele tem um perfil mais adequado ao novo horário. É visto por muitos jovens, crianças e donas-de-casa, e quando você coloca numa hora mais acessível, o público aumenta.
Que elementos o programa tem para
atrair um público tão eclético?
Tem um humor agradável e que não é
repetitivo. São comédias situacionais, cada história tem o seu humor pela situação que ela propõe. E não é do tipo apelativo. Acho que isto já faz com que tenha
um espectro de aceitação mais amplo.
Outra coisa, é que ele retrata uma família
de classe média, com todos os problemas
de uma família brasileira.
O redator-chefe, Cláudio Paiva, disse
uma vez que os episódios de maior aceitação do público são aqueles que trazem algum elemento dramático. Que linha você
prefere?
Acho o Cláudio um excelente autor e
com uma ótima equipe. Seus textos trazem uma piada a cada três falas, o que é
raríssimo. O que a gente vem percebendo é que, quando o programa tem uma
dramaturgia mais próxima à da novela,
ele agrada mais ao público. Mas acho que
mesmo quando isso acontece, ele não
perde o seu lado cômico.
Com o aumento da audiência, melhoraram as condições de produção?
Já somos privilegiados. Fazer um seriado gravando um episódio a cada três
dias, com cenário fixo, significa que temos de três a quatro vezes mais tempo
para produzir do que numa novela.
Você costuma interferir muito na atuação dos atores?
Não. Fazendo uma analogia com o futebol, imagine o Zagallo, técnico da seleção Brasileira, com Pelé, Garrincha, Tostão e outros. Não precisa falar muito,
porque todo mundo joga muito bem. Eu
já sei quando preciso ir em socorro deles,
e vice-versa.
Você se considera pertencente a uma
nova geração de diretores experimentalistas dentro da Rede Globo?
Acho que cada geração tem sua personalidade, e eu faço parte de uma geração
de diretores que estão inseridos dentro
de um determinado contexto. Creio que
agora este pessoal está mostrando a cara
dentro da televisão. Isso se reflete em tudo, desde a estética e os temas ao tipo de programa e ao formato.
O programa terá vida longa?
Não temos previsão. O que eu vejo é
que estamos muito animados. Quando a
gente se reuniu, no final do ano passado,
ficamos preocupados se iríamos conseguir fazer mais 40 histórias e criar algo de
novo para o público. Acho que temos pique para continuar, mas só o tempo é
que vai dizer.
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