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VAI COM ELE?
Band traz Goulart de Andrade de volta à madrugada
FERNANDA DANNEMANN
FREE LANCE PARA A FOLHA
DEPOIS DE 23 anos no ar e de
uma parada breve no ano passado, Goulart de Andrade está de
volta com seu "Comando da Madrugada", que estréia no próximo
sábado, à meia-noite, na Band. Com
43 anos de jornalismo, ele passou
por cinco emissoras e atingiu a marca histórica de 80 pontos de audiência na Globo, quando foi operado
pelo cardiologista Euryclides de Jesus Zerbini (1913-1994), em rede nacional. Experiente, Goulart faz mistério quanto às matérias que pretende levar ao ar. "É o cuidado com a concorrência", diz.
Como vai ser o novo "Comando da
Madrugada"?
Quero manter a expectativa do telespectador, que não saberá direito
o que terá pela frente. Minha matéria-prima é o comportamento humano. Vamos transitar da gastronomia ao registro da noite.
Por que o sr. decidiu voltar?
Não quero ser arrogante e dizer que faço falta, mas todo mundo ficava me cobrando. Espero que o retorno dê audiência compatível com esse interesse.
O que o sr. acha da concorrência que vai enfrentar?
Sei que a Globo tem o Serginho [Groissman]. Na Rede TV!, tem
aquela moça, a Monique [Evans].
No SBT não sei o que tem nesse horário. Claro que me preocupo com a
aceitação, mas não sei se faria modificações pela audiência. Sabe aquela
história de olhar o ibope e apelar?
Não sei fazer isso. Ainda. Tomara
que não aprenda nunca.
O sr. gostava de fazer o "Globo Repórter"?
Adorava. Agora virou programa de bichinho. É barato, né? Você filma a girafa por dez minutos, dá um close na bunda dela e bota um texto.
Não quero criticar, isso é antiético.
Por mais mal-feito que seja, prefiro
isso a outras coisas.
E quais as matérias mais incríveis que o sr. fez?
Fiz uma sobre a mulher moderna: alternamos depoimentos de várias
mulheres, teve até a Regina Duarte, com imagens de uma mulher dando à luz de cócoras, que é o parto natural. No final, a câmera dava um
close no sexo da menininha que tinha nascido e entrava um letreiro
com a frase "Está nascendo uma nova mulher". Mas a imagem foi
cortada por causa do moralismo.
Incrível mesmo foi a reportagem sobre cirurgias cardíacas, que deu o
maior índice de audiência: 80 pontos. Fui entrevistar o dr. Zerbini,
senti umas dores no peito e ele me convidou para um exame. Topei
com a condição de filmar. Acabei sendo levado para o centro cirúrgico. Minhas três pontes de safena foram ao ar no "Globo Repórter".
O sr. gosta dos "reality shows"?
Posso ser crítico quanto à invasão que esses programas fazem, mas isso não é crime. O Picasso, inclusive, criou seus desenhos eróticos através
do voyeurismo.
E da programação da TV aberta?
O público está mediocrizado. A TV poderia exercer um papel mais
interessante culturalmente, sem ser elitista.
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