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CRÍTICA BIG BROTHER 2
O jeitinho brasileiro contra um formato desumano
MARCELO MIGLIACCIO
EDITOR DO TV FOLHA
O diretor do "Big Brother Brasil", J.
B. de Oliveira, o Boninho, escapou
com criatividade de uma armadilha do
destino. Pegou um rabo de foguete ao
assumir o "reality show" comprado à
Endemol, para muitos uma idéia fascista que aproveita a sede de fama e dinheiro de boa parte da população para
trancafiar anônimos numa casa e escancarar as fraquezas que se potencializam no confinamento.
No primeiro "BBB", a coisa ainda foi
punk. A bulimia de Alessandra exposta sem escrúpulos, participantes embriagados andando de quatro pela casa, Mariza Orth batendo cabeça com
Pedro Bial e a imprevisível vitória do
"Forrest Gump" Kléber Bambam.
Mas, no segundo programa, que terminou na última terça, Boninho e sua
equipe conseguiram se safar pela via
do humor, dando um jeitinho brasileiro no formato pra lá de desumano.
Controlaram a bebida alcoólica, satirizaram o assédio de Thyrso a Manuela
com a "novela" "Algemas da Paixão",
brincaram com a falta de asseio da aeromoça Cida e com a pouca cultura
dos participantes, além de passarem
por cima da transa entre Jéferson e
Tarciana e livrarem o versátil Bial da
deslocada Mariza.
O êxito do "Big Brother 2" em audiência deveria ser uma lição para a
Globo. Toda vez que a emissora aposta
na criatividade de seus contratados, o
resultado é surpreendente. Quando,
no entanto, ela coloca os garrotes do
ibope sobre o instinto criativo da turma, surgem programas sofríveis, como, por exemplo, as novelas "Coração
de Estudante", agora desfigurada por
Carlos Lombardi, e "Malhação", o pastiche do pastiche adolescente.
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