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DISQUE-DENÚNCIA
Funcionários ofendidos têm canal aberto para fazer queixas
Globo quer reduzir crises entre diretores e equipes
CRISTINA RIGITANO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O AUTORITARISMO de alguns diretores de programas da Rede Globo pode ser combatido. Funcionários
ofendidos por seus chefes recebem
orientação do departamento de Recursos Humanos da emissora -o ramal foi
apelidado de "Disque-Denúncia".
Entre os que foram alvos de queixas,
segundo apuração feita pela Folha, estão
diretores de núcleo como Roberto Talma, de "Agora É que São Elas", e Daniel
Filho (atualmente na Globo Filmes).
Wolf Maia, responsável pela próxima
novela das 19h, "Kubanacan", e Roberto
Naar, diretor de "O Beijo do Vampiro",
também já teriam sido "denunciados".
Maia teria destratado uma continuista.
"Ele continua tocando o maior terror. A
gente têm que andar pisando em ovos",
diz um funcionário.
O diretor nega. "Isso nunca existiu. Jamais houve queixa contra mim", afirma
Maia, que diz apoiar a iniciativa da emissora: "O departamento de Recursos Humanos tem obtido resultados práticos".
Naar teria gritado e chamado de incompetente uma cabeleireira por causa
de uma peruca. "Não me lembro. Tenho
bom relacionamento com a minha equipe, amigável e familiar. Estou amadurecendo, todo mundo amadurece", diz ele.
Na ocasião, o diretor teria sido repreendido pelo responsável por seu núcleo, Jorge Fernando. Depois, segundo
membros da equipe, ficou mais calmo.
Jorge Fernando não quis comentar o
caso, mas confirmou que, quando é necessário, passa alguns corretivos.
"Converso para que não haja autoritarismo, que pode comprometer o trabalho. Acho ótimo as empresas se preocuparem com o ser humano", diz.
O Disque-Denúncia da Globo funciona
assim: quem tem problemas com o chefe
é aconselhado a ligar para um ramal no
departamento de Recursos Humanos.
Um auxiliar administrativo ouve o desabafo e orienta o queixoso a ter uma conversa com seu desafeto. Se não adiantar,
o empregado deve voltar a procurar o
RH, e o caso é reencaminhado.
Se a queixa for contra alguém do alto
escalão, o processo vai parar nas mãos
do diretor de Recursos Humanos, João
Marcos Fonseca.
Após algumas rusgas, funcionários
constaram mudanças nos comportamentos de diretores, como Talma e Daniel Filho. "O Talma está muito tranquilo, um amor", diz uma produtora.
A idéia da emissora não é punir. O RH
dá garantias ao funcionário de que ele
não será perseguido. Caso se sinta prejudicado, pode ser transferido.
Roberto Talma e Daniel Filho não quiseram comentar. A CGCom (Central
Globo de Comunicação) informou que,
desde 1993, está em vigor um "amplo
programa de comunicação interna".
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