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IPI
I mposto sobre Produtos Industrializados está com alíquota intermediária de 15% que barateia carros acima de 1.0 até 2.0
P rojetos aposentados no país, como o do VW Gol 1.6, voltam à linha de montagem e às concessionárias
I novações não se limitam aos motores, mas chegam a versões, caso do Ford ka Action, 1.6 que custa R$ 17.990
Nova tributação suscita dança de motores
LUÍS PEREZ
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO
Além de reduzir um pouco o
preço dos carros "mil" e um tantão o de carros acima de 1.000 cm³
até 2.000 cm³ de cilindrada, as novas alíquotas do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)
motivaram a criação ou a volta de
modelos que já estavam banidos
da linha de montagem. Eles começam agora a chegar às lojas.
Exemplo mais evidente é o retorno do motor 1.6 de 92 cv (cavalos) para os Volkswagen Gol e Parati, que haviam sido aposentados
pelo 1.0 16V Turbo de 112 cv. "Já
tínhamos o motor 1.6 "de prateleira". Achamos essa mudança positiva, uma vez que possibilita
maior sinergia com a exportação
[outros países não compram automóveis com motor 1.0]", afirma
Thomas Buckup, 52, gerente de
marketing de produtos da VW.
Tal mudança motivou o consumidor a procurar carros com motorizações mais generosas do que
as oferecidas pelos 1.0. Os dados
mais recentes da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes
de Veículos Automotores) demonstram que, desde a determinação das novas alíquotas, a venda de carros 1.0 já caiu de 77% do
mercado em julho para 67,2% em
agosto e 58,6% em setembro.
"Para nós, esse número vai ficar
abaixo dos 50%", aposta Buckup.
Tal palpite é compartilhado com
o diretor de marketing da General
Motors, Eduardo Andrade, 32.
"Isso corrige uma distorção do
mercado", afirma o diretor, para
quem os não-"populares" compactos venderam 47% a mais entre agosto e setembro.
Outro "efeito retorno" foi confirmado pelo presidente da própria GM do Brasil, Walter Wieland: o Vectra com motor 2.0 de
116 cv deve começar a ser vendido
ainda neste mês. Segundo a Folha
apurou, a montadora não bateu o
martelo, mas cogita até equipar o
compacto Celta (cujo motor é 1.0
de 70 cv) com propulsor 1.4.
Deve estar chegando às revendas Fiat o Marea ELX (versão de
acabamento que só era oferecida
com motor 2.4) com motor 1.8. A
montadora está propagandeando
também o Palio 1.3 Fire, agora
com oito válvulas -propulsor
mais barato do que o 16V, na linha desde março de 2000.
Venda triplicada
Tanto a redução quanto a chegada dos novos modelos são motivo de comemoração para concessionários. O Chevrolet Corsa
Classic Sedan (1.6 de carroceria
antiga) teve 409 unidades vendidas em agosto. Em setembro, foram 1.211 (quase três vezes).
Entre as montadoras que registraram pico de redução (10%), está a Ford, que aproveitou para
lançar a versão Action do Ka, com
motor 1.6 de 95 cv, por R$ 17.990.
"É o primeiro filho do novo IPI",
diz Oswaldo Ramos, 35, gerente
de marketing de automóveis.
Para ele, em vez de canibalizar
versões equipadas, como o Ka XR
(R$ 24.790), que tem o mesmo
motor, a empresa vai tentar "puxar" a venda de um com o outro.
"O Ka Action com ar e direção
sai por R$ 21,1 mil. Nós o "vestimos" de esportivo para diferenciá-lo. Vamos aproveitar também para vender o XR em promoção, por
R$ 23 mil", explica Ramos.
Ex-donos de "populares" estão
comemorando o fato de poder subir ladeira sem a sensação de ter
de "engatar meia marcha".
"Comprei um 1.6 porque o 1.0 é
muito fraquinho. Não passa confiança para ultrapassar ou em subidas", conta Maria Helena Gomes, 58, dona de uma butique em
Perdizes, bairro da zona oeste de
São Paulo conhecido pela sua topografia em sobe-e-desce. "É o
quarto ou quinto 1.6 que compro.
Ainda bem que ele voltou."
Nem todo mundo, porém, ficou
feliz com a redução. Principalmente os que, por um triz, não foram beneficiados por ela, como a
advogada Graziela Ferreira Ledesma, 31, que pagou R$ 34,8 mil
por um Astra Sedan no dia 29 de
julho, às vésperas da redução.
"O vendedor deu desconto de
uns R$ 1.300. Achei pequeno, se
comparado com o que teria com o
novo IPI", afirma. "Dei um certo
azar, mas não é o caso de ficar
chateada. Afinal, era uma situação que não dependia de quem
estava me vendendo o carro."
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