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BICOMBUSTÍVEIS
Quem roda mais deve dar preferência ao álcool; flexíveis devem chegar a 17% das vendas até dezembro
Escolha do combustível depende do uso do veículo
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Embora a conta prática dos
70% entre o preço do álcool e o da
gasolina seja uma forma de avaliar qual combustível vale mais a
pena, é importante lembrar que a
escolha também depende do uso
que o motorista faz do carro.
"Se o veículo fica muito tempo
parado, é melhor abastecer com
gasolina", afirma Luigi Chiarella,
57, gerente de pós-venda da Ventuno (Fiat). Para o engenheiro
Roger Gondim, da Volkswagen, o
ideal é que cada motorista faça
seu próprio teste, usando sempre
o mesmo posto.
Primeiro, deixe o tanque ficar
na reserva e encha de gasolina.
Depois de uma semana, complete
com gasolina e calcule o custo por
quilômetro. Depois, rode de novo
até a reserva e repita a medição, só
que com álcool.
Dois mundos
De acordo com especialistas,
quem mistura os dois combustíveis pode fazer isso para unir o
melhor de dois mundos: o desempenho e o preço do álcool com a
autonomia da gasolina.
"Se o consumidor fizer a mistura, vai ter um carro com potência
mais alta do que se abastecer só
com gasolina", diz o engenheiro
Clovis Teruo Matsumoto, 30, do
Instituto Mauá de Tecnologia.
Mesmo assim, a dúvida dos
clientes persiste. Apesar de ter
comprado um VW Fox Total
Flex, a secretária Clélia Mara Sbeghen Pascoalino, 43, nunca teve
coragem de misturar os dois combustíveis. "Não sei se pode, se dá
certo. Deixo chegar até o final da
reserva e abasteço."
Nos dois primeiros tanques, ela
usou só gasolina. Agora está rodando apenas com álcool para
comparar o consumo.
Há quem aprecie ainda o efeito
psicológico de abastecer sem ter
de desembolsar muito dinheiro.
"Fiquei encantada quando enchi
o tanque pela primeira vez. Gastei
só R$ 27. Na hora, achei até que o
frentista havia errado em alguma
coisa", lembra a administradora
financeira Regina Célia Alves Medeiros, 35, dona de uma picape
Chevrolet Montana Flexpower.
Segundo as fábricas, os principais argumentos de venda de modelos com motor flexível são não
precisar escolher o combustível
na hora de comprar o carro, ter
segurança de que não vai ficar a
pé em razão de políticas de abastecimento e poder usar o que mais
lhe convier. O medo do novo é o
único argumento contrário.
"Tudo que é novidade deixa o
consumidor com um pé atrás. A
melhor forma de tirar o medo é a
propaganda boca a boca", diz
Cristiane Sanches, 32, gerente de
marcas da linha Chevrolet.
Se houve alguém que não teve
receio da nova tecnologia, essa
pessoa foi Luís Gustavo Giordano, 24, o primeiro proprietário de
um modelo bicombustível no
país. "Quando comprei, não sabia
que iria ser o primeiro. Foi sorte",
conta o empresário de Americana
(128 km a noroeste de São Paulo).
"Já misturei várias vezes, e o carro
nunca deu problema."
Ainda vai ter um
Novidade há 15 meses, o mercado de bicombustíveis já avançou a
ponto de estar encostando em um
quinto das vendas de modelos
novos. O percentual, de acordo
com a Anfavea (associação dos fabricantes), chega a 17% neste ano.
Na General Motors, do total de
modelos vendidos em maio,
22,7% eram Flexpower.
Até o final do ano, nenhuma das
cinco grandes montadoras (Fiat,
Ford, GM, Renault e Volkswagen)
deixará de oferecer a opção. Segundo a Folha apurou, a Ford terá a opção nos novos Fiesta e Fiesta Sedan a serem lançados em setembro. A Renault começa a fabricar modelos com motor bicombustível no final deste ano.
Indagado sobre a preferência
"oficial" da fábrica, Pedro Manuchakian, diretor de engenharia da
General Motors do Brasil, respondeu da seguinte maneira a quem o
questionou sobre com que combustível a Meriva sai da linha de
montagem: "Com álcool, é claro.
É o mais barato, e nós não somos
bobos nem nada".
(LPZ)
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