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FÉRIAS SOBRE RODAS
Ar rarefeito prejudica a queima de combustível; acima de 2.500 metros, o torque pode cair 31%
Carro requer fôlego para encarar altitude
ARMANDO PEREIRA FILHO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO
Antes de levar seu carro para
uma viagem de aventura, verifique se ele tem fôlego. Assim como
acontece com as pessoas, um veículo também precisa "respirar".
Se o passeio for em grandes altitudes (mais de 2.500 m), o oxigênio
fica mais raro, o motor sente, perde potência e pode até fundir.
Celso Argachoy, 41, professor
de motores da FEI (Fundação
Educacional Inaciana), diz que a
maioria dos carros vai bem até
2.500 m. "A partir daí, cruzando a
cordilheira dos Andes [3.000 m]
ou a Bolívia [4.000 m], há risco de
problemas sérios. Um sobreaquecimento pode fundir o motor."
O oxigênio é necessário para
queimar combustível. Se entra
pouco ar, o motor vai trabalhar
com mais gasolina. Isso causa
mais poluição e aquecimento.
Carros de motores menores, como "populares", sofrem mais.
Veículos mais potentes ou modernos conseguem melhor resultado, mas perdem potência. O
turbo força o ar para dentro.
Roger Gondim, supervisor da
Volkswagen, diz que "a injeção
eletrônica dispensa regulagem especial em grandes altitudes pois o
sistema de gerenciamento ajusta a
entrada de combustível conforme
a pressão atmosférica".
Mesmo assim, ele revela que todos os carros aspirados rendem
menos com a altitude. Na marca
de 1.000 m, a redução de força do
motor é de 10%; a 2.000 m, a queda atinge 23%; e, em 2.500 m, a diminuição chega a 31%.
Para encarar uma viagem dessas, a manutenção do veículo tem
de estar em dia, principalmente o
líquido de arrefecimento. O alerta
é de Reinaldo Nascimbeni, 50, supervisor de serviços técnicos na
área de automóveis da Ford.
"Não pode ter só água no reservatório. É preciso misturar com
etilenoglicol." Esse aditivo retarda
a ebulição e o congelamento da
água e deve ser misturado conforme a indicação das montadoras.
Ronaldo Bianchini, 44, gerente
de eventos da SAE (Sociedade de
Engenheiros da Mobilidade), recomenda não abastecer com gasolina barata e diz que devem ser
seguidas as informações das
montadoras. Durante a viagem, a
orientação é evitar excesso de peso e observar as limitações.
"O motorista deve estar ciente
disso, pois, em caso de ultrapassagens e saídas de rampa, terá um
carro com menos capacidade de
aceleração", aponta Gondim.
Se o motor esquentar demais,
não o desligue imediatamente.
Espere esfriar antes. "Depois continue a viagem num ritmo menos
intenso", aconselha Argachoy.
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