São Paulo, domingo, 04 de julho de 2004

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FÉRIAS SOBRE RODAS

Ar rarefeito prejudica a queima de combustível; acima de 2.500 metros, o torque pode cair 31%

Carro requer fôlego para encarar altitude

ARMANDO PEREIRA FILHO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

Antes de levar seu carro para uma viagem de aventura, verifique se ele tem fôlego. Assim como acontece com as pessoas, um veículo também precisa "respirar". Se o passeio for em grandes altitudes (mais de 2.500 m), o oxigênio fica mais raro, o motor sente, perde potência e pode até fundir.
Celso Argachoy, 41, professor de motores da FEI (Fundação Educacional Inaciana), diz que a maioria dos carros vai bem até 2.500 m. "A partir daí, cruzando a cordilheira dos Andes [3.000 m] ou a Bolívia [4.000 m], há risco de problemas sérios. Um sobreaquecimento pode fundir o motor."
O oxigênio é necessário para queimar combustível. Se entra pouco ar, o motor vai trabalhar com mais gasolina. Isso causa mais poluição e aquecimento.
Carros de motores menores, como "populares", sofrem mais. Veículos mais potentes ou modernos conseguem melhor resultado, mas perdem potência. O turbo força o ar para dentro.
Roger Gondim, supervisor da Volkswagen, diz que "a injeção eletrônica dispensa regulagem especial em grandes altitudes pois o sistema de gerenciamento ajusta a entrada de combustível conforme a pressão atmosférica".
Mesmo assim, ele revela que todos os carros aspirados rendem menos com a altitude. Na marca de 1.000 m, a redução de força do motor é de 10%; a 2.000 m, a queda atinge 23%; e, em 2.500 m, a diminuição chega a 31%.
Para encarar uma viagem dessas, a manutenção do veículo tem de estar em dia, principalmente o líquido de arrefecimento. O alerta é de Reinaldo Nascimbeni, 50, supervisor de serviços técnicos na área de automóveis da Ford.
"Não pode ter só água no reservatório. É preciso misturar com etilenoglicol." Esse aditivo retarda a ebulição e o congelamento da água e deve ser misturado conforme a indicação das montadoras.
Ronaldo Bianchini, 44, gerente de eventos da SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), recomenda não abastecer com gasolina barata e diz que devem ser seguidas as informações das montadoras. Durante a viagem, a orientação é evitar excesso de peso e observar as limitações.
"O motorista deve estar ciente disso, pois, em caso de ultrapassagens e saídas de rampa, terá um carro com menos capacidade de aceleração", aponta Gondim.
Se o motor esquentar demais, não o desligue imediatamente. Espere esfriar antes. "Depois continue a viagem num ritmo menos intenso", aconselha Argachoy.


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