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AROMA
Apesar de seduzir clientes nas revendas, fragrância vem sendo combatida pelos laboratórios de algumas montadoras
Cheiro de novo sofre ameaça de extinção
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Direção hidráulica, airbag,
ar-condicionado, trio elétrico
e cheiro de novo. Este último é
um dos "opcionais" que mais
agradam ao comprador de um
carro zero-quilômetro, na avaliação das próprias montadoras.
Mas essa característica, que
chega até a incentivar as vendas,
está com os dias contados. Há laboratórios de montadoras estudando como deixar o interior do
veículo o mais inodoro possível.
A globalização exige que os
carros possam ser vendidos em
qualquer país sem nenhum tipo
de cheiro aparente, explica a química Maria de Lourdes Feitosa Di
Franco, coordenadora do Centro
Tecnológico de Emissões da
Volkswagen, em São Bernardo do
Campo (Grande São Paulo).
A General Motors do Brasil
também busca retirar o cheiro
dos seus modelos. A justificativa é
que o odor, proveniente de substâncias químicas, poderia causar
alergias em pessoas sensíveis.
O médico Arthur Guilherme
Bettencourt Augusto, secretário-adjunto da Sociedade Brasileira
de Otorrinolaringologia, discorda. Segundo ele, o cheiro de carro
novo não faz mal à saúde.
"Mas um aroma agradável para
um pode ser desagradável para
outro. As pessoas com predisposição alérgica podem ser afetadas." Ele aconselha a quem tiver
alguma reação alérgica procurar
um especialista. "A solução é simples em boa parte dos casos."
A psicóloga Sandra Spiri, pre-
sidente da Abraroma (Associação
Brasileira de Aromaterapia), também afirma que o cheiro de
carro novo não oferece riscos.
O odor apenas mexe com o consciente, ele gera uma sensação
de conquista, poder e prazer."
Sandra avalia que não há como
reproduzir o aroma de carro novo, somente o seu efeito de bem-estar por meio de fragrâncias.
"As de frutas cítricas, de lavanda,
de baunilha e de ylang ylang
(extraída de uma planta de Ma-
dagascar, na África) transmitem
o mesmo tipo de sensação."
"Faro"
Incentivador da assinatura
de cheques, o aroma de novo
é resultado da combinação de
produtos como plástico, borracha, tecido, madeira e tinta. Sobre
esse conjunto, as fábricas que ainda investem no olfato se debruçam para descobrir o que mais
agrada ao "faro" do cliente.
"O cheiro de novo exerce
um efeito psicológico muito grande no consumidor. A gente se
preocupa até com o líquido do
limpador de pára-brisa, pois o
odor dele chega ao interior do automóvel", conta o gerente de produtos da Renault, Mário Furtado.
A montadora francesa revela
que já pesquisou fragrâncias
para usar nos seus modelos, mas
sem resultados definitivos.
Por sua vez, a Ford do Brasil informa que não faz nada para realçar o cheiro de novo nos seus carros e que aposta só nos materiais
para produzir o aroma sedutor.
Nem parece que a Ford dos
EUA é dona da Jaguar, fábrica inglesa que leva o assunto cheiro tão
a sério que chega a criar o gado
que fornecerá o revestimento de
couro dos bancos. Os animais
pastam numa fazenda da empresa em Connoly, na Suíça.
(ALADIM LOPES GONÇALVES)
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