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FERNANDO MORAIS
Escritor viajava no porta-malas
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Muito antes de demonstrar a
veia investigativa que o levou a escrever sucessos como "Olga", o
jornalista Fernando Morais, 48,
teve de se desdobrar na elucidação de enigmas automotivos. Culpa -ou mérito- do pai, José
Carneiro de Morais, cujos cuidados com a manutenção de seu
Pontiac 51 beiravam as raias da
loucura, segundo o herdeiro.
"Meu pai era um sujeito que tinha uma preocupação obsessiva
com os ruídos do carro. Então,
por várias vezes, ele me fez andar
no porta-malas para tentar descobrir a origem deles", lembra.
O que poderia parecer uma
missão impossível para qualquer
mortal não se mostrou grande desafio para o pequeno Tom Cruise
da cidade mineira de Mariana. A
dificuldade, na verdade, era outra.
"A causa do barulho encontrei
várias vezes. O problema foi mesmo na hora de entrar no porta-malas a primeira vez. Na minha
cabeça de menino, era impossível
uma pessoa viajar ali. Para mostrar que não havia problemas,
meu pai entrou no porta-malas e
pediu para eu bater a tampa."
Foi aí que ele percebeu que havia ar e que ninguém morreria
por ficar lá dentro. "Que o digam
os seqüestrados de hoje em dia."
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