|
Próximo Texto | Índice
Montadoras desenvolvem soluções tecnológicas para evitar o sono ao volante, responsável por 210 mil mortes por ano em todo o mundo
Uaaaahhh
JOSÉ AUGUSTO AMORIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Zzzzzzzz. Mais do que a "fala"
do gato Garfield, a onomatopéia
ilustra o que aconteceu com 1.787
motoristas que viajavam por estradas federais em 2001. Até junho deste ano, a Polícia Rodoviária Federal acredita que o sono tenha provocado 876 acidentes,
contra 237 por ingestão de álcool.
Em todo o mundo, o sono mata
por ano 210 mil pessoas -se 505
Boeing-747 caíssem e todos os
passageiros morressem, esse seria
o número de vítimas. Um estudo
da National Highway Transportation Safety Administration, que
fiscaliza a segurança nas estradas
dos EUA, revela que entre 80% e
90% dos acidentes poderiam ter
sido evitados se o condutor tivesse sido avisado um segundo antes.
É por isso que as montadoras
começam a pensar em métodos
que mostram ao condutor que ele
tem um volante, e não um travesseiro à sua frente. Parecem engenhocas do professor Pardal, mas
devem dividir a lista de equipamentos de segurança com freios
ABS (antitravamento) e airbags
(bolsas de ar que inflam em batidas) em menos de dez anos.
Num piscar de olhos
Muitas empresas lançam mão
de uma câmera que mede a velocidade do piscar dos olhos -ela
diminui na proporção inversa da
sonolência. A partir daí, cada carro tem uma "reação".
A BMW aposta em luzes verdes,
amarelas e vermelhas que indicam quatro estágios de cansaço.
Ainda em estudo, um alarme deve
integrar o sistema. E, no computador de bordo, pode aparecer o
endereço do estacionamento ou o
do hotel mais próximo.
No caso da Nissan, há um aviso
sonoro, seguido do acionamento
do ar-condicionado e de um odor
de menta. "Frio e desconforto físico deixam o motorista mais alerta", atesta Fabio Racy, presidente
da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego).
A australiana Seeing Machines
criou o faceLAB, que também
mede piscadas. Já vendeu o sistema para DaimlerChrysler, Mitsubishi, Nissan, Toyota e Volvo.
"Como parte do veículo, o sistema deve custar no máximo
US$ 200 [cerca de R$ 720]", conta
Gavin Longhurst, agente de mercado internacional da empresa.
Outra reação do corpo humano
quando o sono dá as caras é a queda no batimento cardíaco. Por isso a Fiat criou uma espécie de
ponto eletrônico, como os usados
por apresentadores de televisão,
que mede a frequência e avisa se o
motorista está a ponto de dormir.
O Volvo SCC (Safety Concept
Car) usa sensores que detectam
essa reação fisiológica para, então,
disparar um alarme.
Por câmeras fora do veículo,
DaimlerChrysler e Hyundai avisam caso o motorista mude de faixa sem dar seta -a coreana também faz o volante vibrar. Na Espanha, foi adotada solução semelhante, mas que beneficia todos:
as estradas têm sonorizadores entre pista e acostamento.
Próximo Texto: "Sistemas dão falsa idéia de proteção" Índice
|