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Números de vendas, uso por profissionais e facilidade para achar peças de manutenção esticam a vida de modelos com design defasado, como Volkswagen Kombi, 46, Volkswagen Gol, 23, Fiat Mille, 19, e
Chevrolet Vectra, 10
Brasil dá asilo a VELHINHOS
JOSÉ AUGUSTO AMORIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Um carro é pensado para sobreviver, em média, quatro anos.
Mas a Kombi sai da linha de montagem da Volkswagen desde 1957,
a Fiat faz o Uno em Betim (MG)
há 20 anos, e o Chevrolet Corsa
Classic não sofreu nenhuma
grande alteração desde seu lançamento, em novembro de 1995.
Pois é, as montadoras nacionais
produzem, com certa exclusividade, algumas lendas da indústria.
Nem por isso amargam vendas
fracas. Sem modificações estéticas
desde 1999, o hoje chamado Corsa
Classic é responsável por metade
das vendas de todos os Corsa.
Sustentado pelos taxistas -esses
profissionais representam 95%
dos consumidores-, o Santana
vende mais que o Citroën Xsara
Picasso, por exemplo. Em 2003,
foram comercializados 11.329 sedãs, contra 10.089 minivans.
O fato é que os "velhinhos"
atraem pela relação custo-benefício. "O cliente é bastante racional.
O Corsa Classic é o automático
mais barato do mercado", explica
Hermann Mahnke, gerente de
marketing da General Motors que
cuida da plataforma Corsa. Com
motor 1.6, é vendido quase exclusivamente a frotistas.
A Volkswagen fez uma pesquisa
e definiu esse tipo de cliente como
"essencialista". É o oposto do entusiasta, aquele que valoriza o status e o prestígio que o veículo propicia. Há ainda o sensível -que
não é um profundo conhecedor
de automóveis, mas quer conforto e praticidade- e o guiado pela
imagem, preocupado com design.
"Além disso, um projeto estabelecido tem peças de reposição baratas e mecânica conhecida",
aponta Paulo Sérgio Kakinoff, diretor de vendas e marketing da
Volkswagen. Como estão no mercado há muito tempo, seu papel
entre os veículos usados é importante e têm clientes cativos.
Visual
Por atraírem pelo preço, as
montadoras preferem não investir para alterar o visual, o que implicaria aumento para o cliente.
Estima-se que uma reestilização
não saia por menos de US$ 20 milhões. "O envelhecimento da carroceria é muito maior que o da
parte mecânica, mas o consumidor profissional não se preocupa
com design", diz Kakinoff.
A Fiat demorou 20 anos para
lançar a segunda geração do Mille
-que não usa o nome Uno há
três anos-, mas manteve o preço. "Continuamos apostando na
força do Mille. Não temos motivos para deixar de investir num
carro com boa relação custo-benefício", diz Alberto Giglieno, que
está trocando a superintendência
no Brasil pela matriz, em Turim.
A primeira geração do Chevrolet Vectra foi lançada no Brasil em
1993. Três anos depois e apenas
quatro meses depois da Europa, o
novo Vectra começou a ser produzido no Brasil. No entanto, até
hoje, a terceira versão ainda não
deu as caras por aqui.
A GM afirma que foi uma definição de prioridades. Preferiu
apostar no Astra Sedan, inclusive
para os taxistas, oferecendo o motor 1.8 a álcool. No ano passado,
foram 4.222 Vectra vendidos, enquanto o Astra (sedã e hatchback)
atingiu 35.885 unidades.
O que dizer então da Volkswagen Kombi, cujo desenho é praticamente o mesmo desde que começou a sair da linha de montagem em 1957? Em 1996, o utilitário ganhou teto mais alto, mas o
consumidor não está preocupado
com seu visual. Sua média de vendas é quase dez vezes maior que a
da Mercedes-Benz Sprinter.
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