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"OFF-ROAD"
Repórter da Folha participa da última etapa da competição e descobre que dirigir é bom, mas navegar é preciso
Estreante em ralis pena no Mitsubishi MotorSports
JULIANA GARÇON
ENVIADA ESPECIAL A CAMPINAS (SP)
Um instrutor nos recomenda
dormir cedo na véspera da prova,
mas isso não é possível: sinto-me
uma criança que vai ao prometido
passeio no parque de diversões.
Na Escola Preparatória de Cadetes do Exército de Campinas,
onde acontece a largada, nos
aventuramos no burburinho de
competidores, espectadores, organizadores e modelos em busca
da planilha, um calhamaço de
cerca de 30 páginas com instruções de onde e quando virar, seguir, entrar, parar e por aí vai.
Meu parceiro, o Bob, propõe-se
a "estudar" aqueles desenhos. Como navegador, deverá avisar o
momento de mudar de trilha e
onde haverá obstáculos, com base
na marcação do hodômetro.
Com um cronômetro, disparado na largada, ele também deve
verificar se estamos cumprindo
os prazos propostos na planilha.
No rali de regularidade, quem se
atrasa perde pontos, mas quem se
adianta perde muito mais.
"Vamos de novo?"
Finalmente está na hora de entrar na fila da rampa de largada, e
a tensão aumenta. Um jipe quebra na nossa frente. Minha barriga está dando nó enquanto embico nosso Pajero TR4 nos trilhos.
Já posicionados, o diretor da
prova avisa que soltará o cronômetro em segundos, o Bob me diz
para zerar o hodômetro. Com a
primeira engatada, tento me concentrar. Sinal dado, saímos e, logo
que cruzamos o portão, ainda no
asfalto, viramos para o lado errado. Depois, nas estradas vicinais,
iríamos nos perder várias vezes.
A primeira parte da prova, que
inclui um "off-road" em fazenda,
é a mais emocionante. Faço uma
curva veloz na lama, a traseira
derrapa e sai da pista: fico um segundo sem ar, mas logo consigo
controlar o carro. Respiro, mais
confiante nas minhas habilidades
de piloto, e começo até a desconfiar que tenho uma vocação
-sensação que vai se intensificando a cada manobra no sinuoso
caminho de Campinas a Atibaia
(60 km ao norte de São Paulo).
Meu navegador diz para ir mais
devagar porque estamos adiantados. Acho que estamos atrasados.
Tensão na equipe -dizem que há
até casamentos que acabam assim. Logo nos entendemos, o entrosamento cresce a cada lombada. E, quando ele avisou que estávamos chegando ao final, com
cerca de três horas de prova, não
deu para deixar de dizer: "Já!? Vamos de novo!?".
A jornalista Juliana Garçon e o fotógrafo Roberto Assunção viajaram a convite da Mitsubishi Motors do Brasil
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