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CRISE
Estratégia faz com que veículos concorrentes, como as picapes Nissan Frontier e Chevrolet S10, usem o mesmo propulsor
Custo impõe motor único a vários carros
JOSÉ AUGUSTO AMORIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Um mesmo motor, três carros diferentes. Esse parece
ser o artifício que as
montadoras descobriram para economizar e sempre oferecer novidades em seus lançamentos.
É comum que modelos da mesma família -casos de Fiat Palio e
Siena ou Volkswagen Gol e Parati- usem o mesmo propulsor. O
que o consumidor pode estranhar, porém, é um motor igual
em veículos tão distintos quanto
Chevrolet S10 e Nissan Frontier
ou Peugeot 206 e Renault Clio.
Em São Carlos (231 a noroeste
de São Paulo), a Volkswagen fabrica os motores que "dão vida"
aos modelos Polo, Gol, Parati e
Golf, além do Audi A3. A fábrica
afirma que buscou, dentre as opções já existentes, aquela que melhor se adaptasse ao Polo. E encontrou justamente aquela que é
usada no Golf e no A3 1.6. Para a
versão 1.0, escolheu o que já é usado no Gol, mas com alterações
que o deixaram mais potente.
"Quanto menos modificações
fizermos, melhor. Há uma meta
de custo, tempo de desenvolvimento e desempenho", afirma
Roger Guilherme, supervisor de
engenharia experimental da VW.
Estratégia
Também há a questão mercadológica: o Polo deveria ser um carro ágil, enquanto o Golf responde pelo conforto -por isso o motor
foi mantido. No caso do "popular", foi preciso elevar a potência
de 76 cv (cavalos) para 79 cv. "O
consumidor não ia querer um
carro luxuoso e econômico com
desempenho inferior ao de um
veículo mais barato."
E economia de combustível foi
o que o Chevrolet Celta mais ganhou após receber o motor 1.0 do
Corsa. Em março, o Corsa foi remodelado e ganhou um propulsor com 10 cv a mais. Quatro meses depois, ele passou para a linha
de montagem do Celta 2003.
"Hoje em dia não há como ter
um motor para cada carro", afirmou à Folha um funcionário da
empresa que prefere não se identificar. Oficialmente, a montadora
conta que é uma estratégia de modernização, um processo de melhoria contínua de seus produtos.
Coincidência ou não, a nova minivan Meriva foi equipada com
dois propulsores 1.8: o de oito válvulas é o mesmo do Corsa.
Terceirização
Nissan e Peugeot optaram por
terceirizar a motorização quando
passaram a fabricar no Brasil. Assim, a Frontier recebeu o mesmo
motor que a Chevrolet S10 -fornecido pela MWM-, e o 206, o
1.0 do Clio feito pela Renault.
"Quando escolheu nosso produto, a Nissan pode ter pesado
que é o usado pelo líder do mercado", diz Marcos Gonzalez, gerente
de vendas da MWM. Segundo a
Nissan, é apenas coincidência.
Ele lembra que um motor nunca é idêntico a outro. "A curva de
performance pode ser a mesma,
mas há diferenças nos "acessórios"." O aftercooler, por exemplo,
é na frente da S10, enquanto na
Frontier fica acima do motor.
Quando o 206 foi nacionalizado, a fábrica de motores da Peugeot ainda não estava pronta. Por
isso, firmou um acordo com a
concorrente para comprar propulsores 1.0 até 2005. Agora, já faz
em Porto Real (RJ) a opção 1.6.
À época do lançamento, o então
presidente da empresa, Cees Hermanns, frisava que foram feitas
adaptações para usar peças exclusivas do grupo PSA (dono da Peugeot e da Citroën), como itens de
fixação e a ligação com o câmbio.
No exterior, a prática é comum.
A Audi faz o mesmo 1.8 para os
esportivos S3 e TT. Os sedãs A4 e
A6 recebem um 3.0 de 220 cv.
Na DaimlerChrysler, Jeep
Grand Cherokee Laredo e Mercedes-Benz ML 270 compartilham
um 2.7 diesel, que gera 163 cv e
usa o sistema CRD (Common
Rail Diesel). Na gama Mercedes,
também há uma "massificação",
como nos C 240, E 240 e CLK 240.
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