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Manutenção econômica
Usado e desmanche cedem peças
Carros que não são mais fabricados ou importados devem ter itens por "tempo razoável"
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Todos os anos, a história se
repete. Enquanto os lançamentos são apresentados em meio a
muita badalação das montadoras, alguns modelos saem de cena acompanhados apenas pelo
silêncio e pela apreensão dos
proprietários -que subitamente se vêem com um veículo
enquadrado na temida categoria dos fora-de-linha.
Presidente do Omega Clube,
o engenheiro Mauro Apor diz
que a dificuldade de encontrar
determinadas peças para o modelo nacional da Chevrolet
(produzido entre 1992 e 1998) é
uma constante para os associados. "Temos de recorrer ao
mercado de usados e a desmanches, que cobram muito caro,
mais até do que a peça custaria
nas autorizadas", explica.
O publicitário Thyago Szoke,
presidente do Santana Fahrer
Club, revela que as peças de
acabamento para a primeira e a
segunda gerações do longevo
veículo, produzido pela Volkswagen de 1984 a 2006, já estão
rareando. "Com a alta procura,
começaram a aparecer os atravessadores, que inflacionam o
mercado de peças usadas."
Para quem está nessa situação, a dica é participar de fóruns de discussão em sites especializados, que podem indicar lojas com bons estoques. O
presidente do Omega Clube recomenda dar uma olhadela em
sites internacionais, já que a
importação às vezes é a saída.
Prazo razoável
De acordo com o Código de
Defesa do Consumidor, fabricantes e importadores devem
ofertar componentes e peças
de reposição, cessadas a produção ou a importação, por um
período de tempo "razoável".
A advogada Mariana Ferreira
Alves, do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), acredita que, no caso dos
automóveis, esse prazo razoável seja de, no mínimo, dez
anos. Mas admite que o mérito
fica a critério do juiz em caso de
ações por danos materiais ou
mesmo morais. "Essa lacuna
sobre o prazo facilita a vida do
fabricante. Mas, dependendo
do caso, a briga vale a pena."
São raros, contudo, os motoristas que resolvem ir à Justiça
para exigir o cumprimento da
lei. "Dono de carro fora-de-linha tem de usar a criatividade",
diz Alexandre Actis, presidente
do Niva Clube ABC (o jipe russo foi importado até 1998).
"Vamos adaptando e usando
peças recondicionadas", explica ele, que teria ainda maiores
dificuldades em ações na Justiça, já que a montadora encerrou suas operações no Brasil.
Como recompensa, cedo ou
tarde, o destino pode sorrir à
porta desses abnegados motoristas. Há alguns meses, Szoke,
do Santana Fahrer Club, descobriu por acaso que a Volkswagen iria fazer o leilão de algumas peças de seus fora-de-linha. Empolgado, até tentou
comprar um lote, mas acabou
superado. "Foi até bom. Onde
eu iria colocar 200 pára-choques?"
(CELSO DE CAMPOS JR.)
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