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ALTERAÇÃO
Oficinas adaptam carros para rodar com álcool e gasolina sem trocar o que, segundo as montadoras, seria preciso
Fábricas condenam versões "caseiras"
dos bicombustíveis
CHRISTOPHER LANGNER
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Depois de muita pesquisa e testes de engenharia, General Motors e Volkswagen lançaram, neste ano, os seus primeiros carros
bicombustíveis, que rodam com
álcool, gasolina ou qualquer combinação dos dois. Já existem oficinas que oferecem produto similar, mas sem o mesmo investimento em pesquisas e testes.
Tudo o que elas fazem é trocar
o chip do módulo de controle eletrônico (ECM) por um outro,
adaptado, que tem os "mapas" de
ignição de ambos os tipos de motor -o álcool, por exemplo, exige
um tempo maior de ignição. A
modificação, é claro, não recebe
a bênção das montadoras.
O preço da conversão vai de
R$ 300 a R$ 900. No painel, é instalada uma chave comutadora,
como a usada em carros movidos
a gás. Quando o tanque está quase
vazio, o motorista pode usar o outro combustível, bastando, para
isso, trocar a posição da chave.
O consultor de negócios Adilson Ferreira Salles, 37, fez a adaptação no Centro Automotivo Finardi e não se arrepende. De acordo com seus cálculos, ele economiza até R$ 200 por mês.
"Não precisa trocar nada além
do chip. Os carros brasileiros a gasolina já saem de fábrica com
componentes resistentes ao álcool", afirma Mauricio Quadrelli,
dono da Quadrelli Preparações.
Economia cara
Os fabricantes discordam (leia
texto nesta página). Para eles, seria necessário trocar um sem-número de componentes para permitir que o carro recebesse os dois
combustíveis. Como é feita, a troca gera problemas que vão da redução da vida útil de componentes até incêndios inesperados.
Segundo o gerente de desenvolvimento e aplicação de produtos
da Bosch, Sidney Barbosa de Oliveira Jr., um dos itens que mais
sofrem é a bomba de combustível.
O comerciante Paulo Roberto
Anis Salomão, 47, é um exemplo.
Desde o ano passado, sua picape
Ford Ranger XLT 95 pode ser
abastecida com álcool ou gasolina. "A troca valeu a pena, pois rodo muito." Ele admite, no entanto, que, após a conversão, teve de
"retocar" duas vezes uma bomba
até ser obrigado a trocá-la. "Mas o
problema foi o combustível que
eu usava, que era adulterado."
Perdas futuras
Se o veículo tiver problemas
após a conversão, dizem os mecânicos, é porque já tinha defeitos.
"Primeiro avalio o carro do cliente. Se tiver problemas, conserto
para depois adaptá-lo", explica
Henrique Caldas, dono da oficina
H. Caldas, de Vila Velha (ES).
Além do chip, algumas oficinas
acrescentam um sistema de partida a frio. "Ajuda em dias frios",
afirma Waldemar Gonçalves de
Padua Jr., da Chipadão Eletrônica
Automotiva, de Valinhos (85 km
a noroeste de São Paulo).
Ronald Funari, diretor da Funari Automotiva, vai adiante. Além
do chip, em alguns casos ele troca
os bicos injetores (para aumentar
sua vazão) e a bomba de combustível. Ainda assim, os fabricantes
insistem: a troca pode danificar o
automóvel, e a economia no curto
prazo representa perdas futuras.
Se os bicombustíveis de fábrica
são novidade, a conversão não é.
"Um ano antes da Volks, eu já
adaptava os carros", afirma João
Carlos Carvalho, dono da Chipbrás, oficina de Maringá (PR).
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